Capítulo 14

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[...]

Nina

Sabe quando as coisas finalmente parecem melhorar? Para uma pessoa que vive em desgraça, pequenas notícias são o suficiente para encher o coração de esperança... Mas acho que não devo ser digna da felicidade.

Horas depois de finalmente ver o meu irmão. Contando os segundos para ver seus olhinhos abrirem... Meu coração se parte mais uma vez.

Kookie teve mais uma parada cardíaca. Ao ouvir todos os aparelhos dispararem, para meu completo desespero, só consegui correr em busca de ajuda no posto de enfermagem.

Não precisei dizer nada, ao ver meu estado, a enfermeira correu sendo acompanhada por um médico que estava junto dela. E assim, meu mundo voltou a desabar... As boas notícias, se tornaram mentiras, e aqui, mais uma vez estou... Com medo da morte levar meu bebê de mim.

Voltando pro quarto desesperada, só consegui ver da porta meu irmão ser socorrido. O médico e a enfermeira agora tentam reanimar seu frágil coração, sou empurrada para o lado quando uma nova enfermeira surge puxando um carrinho. Desesperada, corro para o final do corredor, deixando meu corpo cair de vez no chão. Mais uma vez, me entregando ao meu desespero.

Perdida na minha dor, sinto uma mão me tocar, me puxando do turbilhão de pensamentos negativos que me cercam nesse momento. Assustada, levanto meus olhos, vejo ele ali... Abaixado ao meu lado. Sem dizer nada, sem pensar em nada, agarro seu paletó, tentando me segurar ali para não sucumbir ao meu desespero.

Um movimento, estou em seus braços. A sensação de ser protegida pela primeira vez na vida, me trás conforto, me fazendo desmoronar de vez...

Ali eu choro por medo de perder meu irmão, por não ter sido o que ele precisava... Por essa merda de vida.

Eu queria ter sido uma irmã melhor, ter dado o que ele precisava... Eu juro que fiz o meu melhor, mas não foi o suficiente... Meu irmão está assim, porque eu não fui o suficiente para dar a ela uma qualidade de vida melhor.

[...]

Minutos... Muitos minutos depois. Ainda estou agarrada ao estranho que me ganhou de presente. Ainda me seguro a ele como se minha vida dependesse disso. Em silêncio, ele afaga minhas costas... Não penso demais, o medo me dominou por completo.

- Senhorita Jeon? - A voz do médico me chama. Sem forças, apenas continua agarrada no homem, levantando os olhos que ainda descem lágrimas. Sem coragem para ouvir o que ele vai dizer.

Se meu irmão me deixar... Eu não vou ficar aqui sem ele, eu não posso... Eu não quero imaginar...

- Pode dizer. - A voz grave e rouca do homem me faz tremer de susto, me puxando para a realidade.

- O paciente Jeon teve...

- N-não... Eu não posso o-ouvir... Não... Não diz... - Peço, minha voz soa fraca, aperto ainda mais o paletó do homem.

O médico me observa, olhando pra mim com tristeza no olhar. Ele parece sentir pena de mim... Deveria me deixar mal, ver pena nos olhos da pessoa. Mas estou pouco me importando, só não quero ouvir que meu irmão me deixou...

- Calma Nina, estou aqui. Calma... - Homem fala, me abraça abraçando forte. - Diga Dr., seja breve.

- Senhor, paciente teve uma parada cardiorrespiratória. Conseguimos reanimar ele, mas seu estado voltou a ser crítico. Estamos movendo ele para o CTI mais uma vez, mais tarde trago mais notícias. - Ele fala de forma objetiva. Não consigo falar nada, apensas olho para o chão, ainda agarrada ao homem, ainda chorando, talvez até mais... Mas dessa vez, meu choro é silencioso.

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