Capítulo 15

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[...]

Yoongi

Sem conseguir dormir, desde que encontrei Nina naquele corredor, fico o resto da noite a observando. Não preciso ser um gênio, para notar que ela não está dormindo. As lágrimas silenciosas que ainda descem pelos seus olhos, são o suficiente para me provar que estou certo. Mas ela não se preocupa em secar essas lágrimas, ou ao menos me dar as costas, ela fica ali, deitada de barriga para cima, com o lençol que a cobri mais cedo quietinha. Apenas existindo em sua dor.

Me mantenho em silêncio, apenas tocando em sua mão por um longo tempo, mas o sentimento de querer aliviar sua dor só aumenta com os segundos, me dando o impulso de tentar confortar ela. Nunca me senti assim antes... Nunca tentei confortar alguém que não fosse os meus irmãos. É tão estranho me sentir assim.

- Nina... - Chamo baixinho, vejo ela suspirar, demorando um pouco, mas abre os olhos que estão vermelhos e inchados, me dando sua atenção. - Vai ficar tudo bem... Eu não consigo imaginar passar por isso que você está passando, Jimin precisou ser operado e está fora de risco, já foi o suficiente para me deixar com medo. Mas eu quero que saiba, por mais que seja estranho ouvir isso de mim agora, afinal mal nos conhecemos...Você não está sozinha, estou aqui. - Aperto sua mão. Seus olhos brilham com as lágrimas que não param, ela ainda me olha nos olhos.

- Você não precisa fazer isso só porque ajudei seu irmão. Eu fiz isso, porque eu sou assim... Não para ter algo em troca.

- Estou falando sério, não é...

- Sabe, eu achei mesmo que o pior tinha passado ao receber a notícia mais cedo... Meio que consegui respirar, sentir esperança... Achei que nesse momento, meu irmão estaria acordado, dando seu sorriso de coelhinho pra mim... - Ela suspira, cobrindo o rosto.

- E ele vai... Por mais que ele tenha piorado, você precisa ter esperança. Seu irmão é tão forte como você Nina, você só precisa ter fé.

- É a segunda vez que você me chama de forte. Eu não sou forte, nunca fui... Tentei, tentei muito ser o que ele precisava... Desde que ele nasceu, eu fui mãe, amiga, irmã... Eu cuidei, alimentei... - Sua voz já está completamente embargada nesse momento. Sentindo a necessidade de tocar ela, faço círculos com os dedos em seu braço. - Eu me esforcei no trabalho, mesmo sem nossa mãe, tentei... Tentei de tudo... Mas eu não pude salvar ele. Eu não consegui a droga do dinheiro a tempo.

- Você conseguiu...

- Não no tempo necessário para ele não ficar tão grave. - Ela tira as mãos dos olhos, que conseguiram ficar ainda mais vermelhos. - Eu não posso ficar em um mundo onde não exista meu irmão. Ele... Ele é minha força, e-eu...

Puxo ela até ficar sentada, sem dizer nada, fico em pé rápido, apertando meus braços em volta dela, fazendo carinho em suas costas.

- Eu vou te ajudar... Seu irmão vai ficar bem. Acredite Nina. - Falo, pensando em como posso ajudar ela, ajudar aquele garoto a se curar. - Vai dar tudo certo.

Não julgo ela por dizer que não pode existir sem ele. Eu estaria igual, ou pior se fosse meus irmãos aqui.

Sentimentos estranhos rodam dentro de mim. Vê ela assim me deixa mal, a necessidade de tirar o que dói, de cuidar dela... É gritante. Eu não consigo disfarçar. Tanto que estou com ela nos meus braços, sem querer deixar ela afastar. Só querendo ficar aqui, sendo seu conforto e sentindo seu cheiro. Cheiro esse que tanto quis sentir nos últimos três dias... Que merda está acontecendo comigo?

[...]

Após um longo abraço, fui obrigado a Deixar ela se afastar, quando ela sem pedir, se afastou aos poucos, deitando novamente na mesma posição.

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