11 - Não pense em coisas ruins (não reescrito)

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— Posso te levar a um lugar amanhã de manhã?

Nós já estávamos deitados quando ele me fez aquela pergunta.

— Amanhã é sexta, nochu — coloquei minhas mãos unidas embaixo do meu rosto, contra o travesseiro, quando deitei de lado. De frente para ele. — Temos aula amanhã de manhã.

Ele fez o mesmo que eu e deitou de frente para mim. Não estávamos tão perto, mas dividimos a mesma coberta.

— Nós... podemos... não ir — soprei um riso.

— Quer matar aula? — deu de ombros. — Que coisa feia.

— Só uma vezinha... — se defendeu.

Fechei os olhos e suspirei, já sentindo sono.

— E aonde você vai me levar?

Ele não respondeu. Nem de imediato e nem quando eu abri os olhos e olhei para ele, que estava do mesmo jeitinho.

— É especial — soltou de repente. — Mesmo que eu não goste tanto de ir... eu preciso.

— Ok — voltei a fechar os olhos. — Vamos.

— Não tem problema se não quiser — completou depois de um tempo. — Eu só... queria companhia. Geralmente eu vou sozinho e... não é legal.

— Eu vou, nochu. Não se preocupe — permaneci de olhos fechados. — Desculpa por ter surtado com você mais cedo. Eu... ainda preciso aprender a lidar com tudo o que está acontecendo. E... eu sei que não está fácil para você também. Acabei explodindo e não levando isso em consideração.

— Você não precisa se desculpar por sentir medo, coração. Não é uma escolha — encolhi meus ombros e pernas. — Na verdade, quem lhe deve desculpas sou eu — neguei com a cabeça, ainda sem abrir os olhos. — Tenho sim. Eu não... Hyung, eu vi o que aconteceu — dessa vez eu abri. E ele pareceu hesitar antes de continuar. — Eu fui atrás de você e vi quando abaixou no chão... — desviou os olhos de mim. — Eu fiquei assustado e... eu nunca vi ninguém ter aquilo na minha frente. Eu não sabia o que fazer — ele engoliu em seco. — E aí seu pai saiu do quarto e te ajudou. Eu juro, hyung... eu achei que ele não ia conseguir — e ele nem precisou olhar para mim para que eu notasse... eu apenas vi uma lágrima escorrer do seu olho, passar pelo nariz e percorrer todo o outro lado do rosto até sumir no travesseiro. — É horrível se sentir tão inútil... E era exatamente isso que eu estava sentindo enquanto ele tentava te acalmar — enfim ergueu o olhar para mim. — Desculpa.

Tirei as mãos de debaixo da minha cabeça e cheguei mais perto dele.

— Você não precisa se desculpar por sentir medo — eu iria dizer, mas o "coração" ficou entalado na minha garganta e não saiu. Depois daquilo, eu colei minha boca em sua testa e meu peito no seu, o enlaçando com meus braços. — Minha mãe desmaiou na primeira vez que me viu tendo uma na frente dela — eu juro que disse aquilo para tentar acalmá-lo, mas não acho que tenha sido uma boa ideia. — Sério, nochu. Você não tem culpa de não saber lidar... Está tudo bem.

— Mas foi por minha causa — senti seu braço envolver minha cintura com força e seu rosto ir para o meu pescoço.

— Não foi, não — garanti, alisando suas costas. — Não fala isso. Não foi — beijei sua testa de novo. — Vamos só esquecer isso e dormir, sim?

— Podemos dormir assim? — soprei um riso com seu tom manhoso.

— Podemos.

Eu apenas me deitei direito, com as costas devidamente encostadas na cama, e o puxei para deitar em meu peito.

ELE • pjm + jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora