30 - Vamos passar por isso juntos, está bem? (não reescrito)

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— Eu vou ao banheiro — anunciou.

Nós ficamos de bobeira mais um tempinho ali na cama, trocando chamego, sem vontade nenhuma de levantar dali tão cedo.

Jungkook mencionou que iria ao banheiro e levantou, me deixando sozinho ao sair do quarto.

A questão é que ele não voltou.

Eu fiquei viajando na minha própria mente enquanto encarava o teto e só depois de minutos daquele jeito que eu notei que estava demorando demais para fazer o que quer que ele quisesse fazer.

Preocupado, eu levantei da cama, catando e vestindo apenas sua camisa grande antes de sair do quarto a sua procura; e eu nem precisei andar tanto para achá-lo.

A casa inteira era num andar só, o que fazia dela enorme. Naquele mesmo corredor, porém do lado oposto ao do quarto do Jeon, havia uma porta; um outro quarto. Eu sei de quem era aquele quarto porque, querendo ou não, eu vinha para cá. E era exatamente ali que Seunghyun ficava, só que o quarto não era, necessariamente, dele.

Era da mãe do Jungkook.

A porta aberta me permitia ver o lado de dentro daquele cômodo, assim como me permitia ver meu namorado ali; sentadinho na cama.

Eu suspirei baixinho e encostei no batente de madeira, cruzando os braços e me mantendo quieto. Ele ainda não havia me notado ali. Com a cabeça baixa, tinha a atenção presa no que parecia ser um pedaço de papel. Uma foto talvez.

— Queria que pudesse conhecê-lo — o escutei dizer baixinho, ainda olhando para baixo. — Ele me faz tão bem, mãe. — Soluçou e tocou a superfície do papel, como se tivesse o acariciando. — Ele se tornou a coisa mais importante desde que você foi embora e... — Vi uma gota pesada de lágrima pingar da ponta do seu nariz. Ah, velho... eu nunca gostei de vê-lo chorando. — Ah, m-mãe... Vocês se dariam tão bem. Ele também ama dançar. — Sua voz ficou tão embargada que parou de falar por alguns segundos. Enquanto isso, abanou levemente a cabeça de um lado para o outro como se estivesse negando algo. — Eu me arrependo tanto de não ter dançado com você q-quando me chamava. Mas... era tão bonito te ver. Você flutuava pela casa, mãe. Como ele. Desculpa. Por favor... Se eu tivesse uma chance... eu a-aceitaria seu pedido. Eu te concederia todas as danças do mundo.

Eu deveria sair dali. Eu não queria chamar sua atenção, tampouco acabar com o momento dele. Mas eu não consegui segurar o choro, e o soluço alto que não queria soltar acabou me escapando dos lábios.

Cobri a boca com as costas de uma das mãos e permaneci encostado no batente mesmo quando seu olhar veio para mim. Meu choro agora saía abafado, contra a minha mão, enquanto ele ainda tinha a expressão distorcida em choro e as lágrimas não perdoavam seu rostinho bonito.

— Sente-se aqui — chamou choroso.

Eu não hesitei em sair dali, rumando até ele. Me sentei ao seu lado e deixei ele me abraçar de lado enquanto eu também o abraçava pela cintura nua. Ele ainda estava pelado.

Nós choramos mais um pouquinho; juntos.

— Sua mãe era tão bonita — comentei ao ver a foto. — Agora eu sei de onde veio esses olhos. — Permaneceu com um dos braços em volta do meu pescoço enquanto segurava o papel com a outra mão.

— É. Herdei uma das coisas que eu mais admirava nela. — Senti sua boca ser pressionada no topo da minha cabeça. — Ela sempre dizia que eu tinha o sorriso do meu pai — continuou, sem se afastar dos meus cabelos.

— Então seu pai também era muito bonito. — Coloquei minha mão por cima da sua, que segurava a fotografia, acariciando-a de leve. — Seu sorriso é tão lindo quanto seus olhos, nochu. Você não tem noção do quanto ver eles de manhã me faz bem. É a primeira coisa que eu vejo quando acordo.

ELE • pjm + jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora