Alarmante

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Que apresenta gravidade,

perigo; inquietante.

Quando eu era criança, me lembro de meu pai receber cartas o tempo todo, ou quase o tempo todo. Até sua morte, nada nem ninguém além dele sabia sobre o que e quem eram elas. Acho que fui o primeiro a saber.

Olhando para a carta fechada em minhas mãos que estava na caixa escondida de pertences de Pablo, me pergunto se alguém conhece o conteúdo de possíveis cartas que ele recebeu ao longo de sua vida, mas não sei. Em minhas entrevistas investigativas não perguntei sobre isso pois não sabia da existência dessas correspondências.

— Freddie. — Digo sem olhar para trás e vê-lo. — Pegue o estilete em cima da cômoda por obséquio.

Sem resposta o chamo de novo.

— Freddie.

Continuo sem resposta, assim, a curiosidade me faz olhar para trás. Ele está com a playboy de Pablo na mão, analisando-a com uma lupa.

Me levanto indo até ele e puxo a revista de suas mãos.

— Freddie, você é casado! — Exclamo.

Olho para a página aberta em minhas mãos.

— Mas está em...

— Branco. — Freddie completa. — Eu sei. — Suspira. — Eu sei também que sou muito bem casado, nunca veria foto de mulher pelada ou quase pelada! Minha mulher é louca! Ela arrancaria meus olhos e eu não teria olhos para mais ninguém, nem pra ela! — ele olha para cima como se estivesse aliviado de algo. — Mas eu amo uma louca.

Dou de ombros, porque não me importo nem um pouco.

— Tem algo de errado. A textura das páginas das revistas playboy antigas não são assim, nem as ultimas lançadas.

— Então o senhor tem experiência nisso? — Ele ri, me provocando.

Fecho a revista em formato circular e bato na cabeça dele sem danificar a prova.

— Me respeita. Sou seu mentor. — Digo abrindo a playboy de novo e olhando as páginas e todas estão assim.

Freddie levanta e vai até a outra ponta da sala, e quando volta, puxa minha mão aberta e coloca o estilete.

— Te respeito tanto que busquei seu precioso estilete, mentor Darwin — Ele provoca de novo.

Bufo.

Não sei o que fiz para merecer isso.

Dou meia volta chegando em minha mesa com alguns passos. Empurro o envelope para um lado e minha caderneta vermelho vinho pro outro. Coloco a playboy no meio aberta em uma pagina qualquer e desligo a luminária, deixando meu sótão um breu com a única luz sendo a da janela vinda da lua.

Em baixo da luminária, aperto um botão que adaptei para fazer luz negra e ela acende, logo em seguida frases e palavras começam a ser reveladas.

SOCORRO!

Viro a página.

ELES ME ACHARAM!

Viro a página novamente.

SE ELE ACHAR ISTO, SEREI ENCONTRADO!!!

Próxima página.

NÃO POSSO DIZER MUITO

Viro a próxima página novamente.

Sinto falta de casa.

Essa é a última que contem alguma mensagem.

Olho para Freddie confuso e logo ele faz o mesmo.

Apuração Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora