Antiprofissional

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Que não condiz com o profissionalismo.

Freddie me ajuda a chegar na cama e depois sai do quarto sem me dizer nada. Ele só vai embora. Me deito na cama e gemo baixo pois meu corpo está totalmente dolorido.

Eu nem vi o que achei, só peguei e pus no bolso. Coloco a mão e puxo do bolso, é um anel de ouro pirita, eu acho. De qualquer forma, é um anel e pertence a quem esteve lá dentro.

William entra no quarto e quando me vê, corre direto em direção a minha cama. Ele coloca a mochila de suas costas no chão ao lado da cama.

— Você está bem? — Ele pergunta. — Precisa de algo? Gostaria que eu passasse um remédio e pomada para ajudar nos machucados?

— Só estou um pouco roxo e ralado. Estou bem, mas obrigado, William. — Levanto a cabeça e olho para meu pé esquerdo. — Mas acho que torci meu tornozelo esquerdo.

Pego o anel do meu lado e mostro para William.

— Este anel pertence a seu tio?

— Não, mas acho que já vi em algum lugar. Porém minha memória não está muito clara.

Suspiro, mas respirar dói tanto que eu gemo de dor.

— Queria fazer algo por você. Se você deixar eu posso passar pomada e o remédio.

— Está bem, William. Passa a pomada e o remédio.

William sorri e se agacha, pegando a pomada na mochila. Ele levanta com a pomada e o remédio na mão. William abre a pomada e antes de passar, seguro seu pulso.

— Mas com jeitinho, hein! — Digo e solto o pulso dele.

— Eu trabalho com crianças. Aquelas pestinhas vivem se machucando, mas eu amo cuidar e dar aula para elas. Você sabe. — Ele passa a pomada em um lugar roxo, mas aperta na hora de passar me fazendo gemer baixo. — Desculpa. Foi sem querer.

Quando ele acaba, percebo que tem muito lugar que ele não passou, mas não vou falar. É meio invasivo.

— Tem mais algum lugar doendo ou machucado que eu não passei?

Reviro os olhos porque não quero mentir.

— Não, acho que não. — Minto.

— Certeza?

Não consigo mentir para quem está me ajudando.

— Na verdade tem, mas eu acho que seria invasivo e muito antiético porque você é parente do meu cliente e eu... Eu não sei... — Digo sentindo meu corpo e meu rosto queimar de vergonha.

— Tudo bem. — William diz se levantando do meu lado em quanto pega a mochila. — Vou deixar aqui caso você queira passar mais. Melhor não sermos antiprofissionais então. — Ele diz, para na porta do quarto como se fosse dizer algo a mais, mas não diz, ele vai embora.

Eu deveria dizer algo, mas não sei o que dizer.

Apuração Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora