Apuração Do Amor

Absolvido

Perdoado por algo ou alguém.

Eu acordo no susto na noite do dia seguinte. E por mais que esteja chovendo, não é por causa de trovões ou pingos de chuva caindo sobre o telhado e outras superfícies lá fora. Mas sim gritos, do lado de fora da porta do quarto.

Me levanto da cama e tropeço. Logo em seguida me levanto do chão.

— Locke! — Scarlett grita. — Abre aqui, porra!

Em seguida, uma sequência de batidas na porta retoma.

— Já vou!

Ela para de bater e gritar. E finalmente ando até a porta, destranco e abro.

— Fala...

— William quer falar com você, ele está lá fora.

— O que...? Mas como ele me achou?

— Disse que foi seu parceiro, Freddie. — Ela interrompe e desce as escadas.

Desço as escadas atrás dela e paro em frente ao espelho ao lado da porta. Minha camisa está amassada, minha calça amarrotada e meu cabelo bagunçado. Eu estou acabado. E a dor de cabeça do Whisky que comprei no mercado e bebi não passa.

Respiro fundo e abro a porta.

Ele está encharcado pela chuva.

Ver ele na minha frente mexe com meus sentimentos, mas tento ignorar isso porque ele quem terminou e ele quem saiu com outro logo em seguida, não eu.

— O que faz aqui? — Pergunto apoiando a cabeça na porta.

— Eu... É que...

Ele para de falar e me olha no fundo dos olhos.

— Não tem o que dizer, né?

— Eu sei que foi você que me negligenciou, e...

— Agora eu sou culpado? — Interrompo.

— Em partes? Sim...

Bato a porta, mas quando dou meia volta ele bate nela. Me viro de frente para ela novamente e abro.

— Me desculpa... Eu não devia ter saído com outro um dia depois. Deveria ter dado um tempo, lógico. — Ele fala logo que a porta abre.

— Tá.

— Tá o que?

— Eu te perdoo, eu acho, e admito que... fui ruim — Will está tremendo de frio então eu o puxo pelo moletom para dentro — espera — digo e volto com uma toalha.

...?🔍︎...

William está tomando banho e para o azar dele, as únicas roupas que restam aqui em meu armário são sociais, apenas alguns pijamas que não são, mas eles são um tanto grandes para William, por isso o entreguei o menor tamanho que eu tinha antes dele entrar.

Eu ainda não entendi sobre a morte do meu pai. Tipo, ele está morto, não está? O fato de que ele ainda pode estar vivo, me deixa incomodado para cacete. Não quero vê-lo na minha frente tão cedo, na verdade não quero ver nunca mais.

William sai do banheiro com meu pijama e finjo que não achei ele extremamente sensual e gostoso com isso. Ele se aproxima de mim por trás, mesmo que já tenha o visto de frente e me abraça por trás beijando meu pescoço.

— Ainda estou levemente chateado com você. — Afasto meu pescoço dele e ele se levanta. E se afasta ficando de frente para mim de novo.

— Eu deveria estar também... — William murmura olhando para mim com aquele olhar de cachorro coitado.

— Já entendi. — Me jogo para trás na cama e acerto o travesseiro. Levanto a cabeça e olho para ele, William não se mexe. Gemo porque não consigo resistir a ele me olhando assim. — Tá bom. Senta aqui. — Bato com a palma da mão na cama para ele sentar na cama.

William se senta na beirada da cama, mas não foi isso que eu imaginava. Me sento e puxo ele pela cintura para mais perto, desarrumando a cama.

— O que devemos fazer agora? — Pergunto abraçado nele.

— Sobre a cama bagunçada?

Dou risada.

— Não, bobo. — Engulo seco. — Sobre a gente.

Ele suspira.

— Eu me consulto com um terapeuta e na maior parte do tempo ajuda na minha bipolaridade, não sei se te ajudaria. — Ele suspira de novo. — Poderia ir em algum outro.

Gemo de novo porque não gosto de falar sobre meus problemas.

— Pra que, Will? — Reclamo.

Ele vira a cabeça para mime depois o corpo todo.

— Will!? — Ele exclama. — Você me chamou de Will!? E não William ou senhor Jones!? — Ele quase grita. — Will!?

— Eu... Desculpa... Eu não...

Ele aproxima o mindinho do igual fez no trem.

— Eu amei, okay? Aliás, desculpado pelo o que fez. Me desculpa?

— Absolvido.

— Absolvido? — Ele pergunta e ri.

Me jogo para trás na cama e ele vem junto.

— Eu não sei! — dou risada junto.