Apuração Do Amor

Descomodidade

Ausência de comodidade; desconforto.

Sempre fico entediado em viagens. Por mais que a vista seja bonita, fico entediado pelo tempo que demora. Então, ficar no celular, me ajuda a fazer o tempo parecer que foi adiantado. Abro meu planner do caso de Pablo para revisar o que aconteceu, mas sinto meu dedo indicador — este dedo junto a minhas mãos que estava em minhas pernas — sendo tocado lentamente. Levo o olhar para minha mão e William retira seu dedo do meu colocando duas mãos entrelaçadas em seu colo.

Coloco o celular no bolso esquerdo do lado do corredor do trem. Suspiro fundo e aproximo meu quinto quirodáctilo das costas da mão de William e depois viro a palma da minha mão para cima e abro os dedos gentilmente para que ele possa entrelaçar os deles aos meus se quiser.

William começa a aproximar sua mão, mas a voz da comissaria de trem ecoa pelo vagão fazendo William se afastar. Eu me levanto para pegar nossas coisas, mas ele pega sua mochila e sua mala e sai dali o mais rápido possível.

Saio porta a fora sem minhas coisas atrás de William e o vejo lá na frente do outro lado da estação. Começo a correr o mais rápido que consigo impossibilitado pelo terno e sem esbarrar nas pessoas. Quando alcanço William, coloco a mão em seu ombro, fazendo ele se virar para mim.

— Primeiro vamos para o hotel e... tem um problema. — Digo.

...?🔍︎...

Ao entrar no quarto de hotel, o desconforto é quem comanda. Já para Freddie a situação estava bem diferente. Freddie se jogou na cama perto da janela, tirou um salgadinho de sua mala e começou a comer sujando a cama toda de farelos.

— Eu mereço isso — bufo revirando os olhos.

Freddie liga a televisão e eu sou meia volta indo até a porta de saída do quarto, mas William puxa meu braço amassando meu paletó.

— Onde vai? — Ele pergunta.

— Fazer um check-in para um quarto de uma cama para ninguém ficar desconfortável.

— Você ficaria desconfortável? — Ele olha no fundo dos meus olhos com um sorriso malicioso.

— Bem, eu... acho que... não sei, é que... — Suspiro, desconcertado pela situação. — Você não vai ficar? Estou pensando em você.

Sua animação some e ele solta meu braço abanando a mão para ir.