ausência de congruência, de conformidade, concordância,
harmonia, adequação, correspondência, identidade etc.
William disponibilizou um cômodo vazio que provavelmente seria um quarto de hospedes para que eu possa me dedicar ao meu trabalho sem dispersar de minha atividade. O quarto era aconchegante, meramente grande, mas menos que meu sótão e também não fedia a quarto vazio.
O papel de parede azul claro deixava o cômodo com um ar de calmo, e eu provavelmente vou estragar isso com fotos de crimes e essas coisas. Talvez já esteja fazendo isso.
Estou mostrando o vídeo da câmera de segurança para Freddie, e agora eu ao menos sei que existe alguém envolvido nisso além de um monte de gente em relação a aquela fita VHS.
— Mas quem é? — Freddie pergunta.
Suspiro e logo respondo.
— Reconheço o olhar de algum lugar, mas não sei de onde.
— Tem alguma suposição?
Alguém bate na porta do outro lado do cômodo e abre antes da permissão ser proferida. É o William.
— Locke, você... — Ele para. — Nada, esquece.
— Certeza? — Pergunto antes dele fechar a porta e ele murmura que sim. — Tudo bem então.
William fecha a porta.
...?🔍︎...
Eu e Freddie saímos do quarto e posso notar que William revira os olhos e suspira e noto isso, pois, seu peitoral sobe e desce muito rápido, é como se ele estivesse cansado de algo.
— Te vejo quando? — Freddie pergunta e eu volto o olhar para ele.
— Eu te mando mensagem. — Faço o formato de um telefone fixo com meus dedos e mão.
— Certo, Boa noite. Tchau William — Ele acena.
— Valeu — Ele murmura.
Freddie olha para mim e inclina a cabeça para o lado de William. Ele movimenta os lábios dizendo fala com ele, ele faz isso já do lado de fora do apartamento. É isso que eu entendo depois de fazer a leitura labial. Assinto com a cabeça e fecho a porta.
Me viro para William.
— O que aconteceu? — Pergunto me apoiando no balcão onde ele lava a louça.
— Nada, Locke. — Ele diz.
Suspiro fundo.
— Eu sou detetive e esse tempo convivendo com você me fez te conhecer melhor, sei que tem algo de errado. Fala logo.
— Você mora aqui a uma semana, Locke. Uma semana! e você nunca mais dormiu comigo, me beijou, me abraçou e nem nada. Você entende como isso é para mim? Eu te hospedo e alimento sem você pagar nada e você não me dá nada em troca! Nem seu amor! Porra! Eu não mereço nem isso?
Fico em silencio, é como se todo meu vocabulário e argumentos tivessem sido retirados de mim, eu de fato não sei o que dizer.
— Não vai dizer nada dessa vez? — Ele pergunta com os olhos regalados e lábios entreabertos, ele está perplexo.
— Eu... — Penso em algo para dizer, mas nada de útil sai. —Vou providenciar para o senhor Jones mais desvelo da minha parte.
Vou até William e — por trás — envolvo meus braços pela cintura dele.
— Acho bom, Luc — Ele diz e beijo o pescoço dele com carinho.
— Você acharia ruim se eu voltasse para o cômodo agora? — Pergunto hesitação e medo.
Ele se solta e vira de frente para mim.
— Não teste minha paciência — Ele bate o dedo indicador com o braço contido no meu peitoral a cada palavra.
— Então o que quer fazer? — Pergunto.
Ele olha para a pia e depois para mim com o olhar mais brilhante que já vi em toda minha vida.
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Apuração Do Amor
Misterio / SuspensoLocke é um detetive recém contratado pela família do desaparecido Pablo Lopez - um mexicano que se mudou para Londres -, e em meio de suas investigações sua vida toma um rumo curioso e intrigante que vai contra sua politica pessoal de profissionalis...