Capítulo dezenove.

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《Pete Pov》

Os dias passaram, e eu estava à beira da loucura. Cada parede, cada objeto no quarto parecia me sufocar mais e mais. Tentei de tudo para quebrar a janela, para arrombar a porta, mas nada parecia ceder. A sensação de ser uma marionete, presa nas mãos de alguém que deveria me proteger, era insuportável.

De repente, ouvi a tranca da porta se mover. Quando a comida foi empurrada para dentro, corri até a porta, batendo nela com toda a força que me restava.

- Abre essa porta, pai! Você não pode fazer isso comigo só porque sou seu filho! – Gritei, desesperado, mas a resposta foi o silêncio.

Com raiva, derrubei a bandeja com a comida no chão, o som dos pratos quebrando ecoando pelo quarto. 

‐ Eu não vou comer nada! – Berrei.

A fúria me dominou, e comecei a destruir tudo ao meu redor. Cada golpe nos móveis, cada peça quebrada, era uma tentativa desesperada de lutar contra a prisão invisível que meu pai havia construído ao meu redor.

As horas se arrastavam, e cada minuto parecia uma eternidade enquanto eu tentava encontrar uma forma de escapar. Não conseguia acreditar que meu pai havia chegado a esse ponto, me trancando aqui como se eu fosse um criminoso. Era sufocante, desesperador.

Eu andava de um lado para o outro, explorando cada canto do quarto, buscando uma saída que não existia. Eu não queria estar ali, preso nessa prisão de luxo. Minha mente voltava sempre para o Vegas, e como eu daria tudo para estar ao lado dele, mesmo que ele passasse o dia me irritando.

Eu precisava sair, precisava do Vegas, mas parecia que o mundo inteiro estava contra nós. Vegas era a única coisa que fazia sentido agora, mesmo que o preço para ficar com ele fosse enfrentar meu pai, minha própria família, ou o que mais viesse pela frente.

Meu pai entrou no quarto com aquele olhar frio, como se nada do que estava acontecendo fosse fora do comum. 

‐ Por que você não está comendo nada? 

Eu ri, um som amargo e sem alegria.

‐ A resposta é bem óbvia, não acha? – Respondi, a provocação clara no meu tom.

Ele estreitou os olhos, ficando mais rígido. 

‐ Fale direito comigo, Pete.

‐ Direito? – Eu rebati, me levantando da cama. – Eu tô cansado dessa merda toda, de ser controlado a cada segundo. Se você não quer me deixar ser feliz, do que adianta eu comer? Pra viver essa vida que você quer pra mim? Teria sido mais fácil se eu tivesse morrido no lugar da minha mãe.

O silêncio que se seguiu foi pesado. Meu pai me olhou como se eu tivesse lhe dado um soco no estômago. Eu sabia que minhas palavras tinham sido cruéis, mas era a verdade que eu sentia, a única coisa que fazia sentido naquele caos todo.

Ele hesitou, talvez pela primeira vez em muito tempo, mas logo se recompôs, o olhar severo voltando ao rosto. 

- Não fale coisas que você não entende, Pete.

Eu segurei o olhar dele, sentindo o peso de tudo o que estava acontecendo. Eu não queria mais lutar contra o que eu era, contra o que sentia. E, naquele momento, não me importava mais o quanto isso o machucava. Eu só queria ser livre.

‐ Eu e o Vegas não temos nada a ver com essa rivalidade que você tem com o pai dele.

‐ Você é muito novo, Pete. Nunca vai entender...

‐ Novo? Eu já tenho 21 anos! – As palavras escaparam como um grito, a dor se misturando com a raiva que eu sentia. – Eu fiz aniversário há poucas semanas. E você nem ao menos se deu o trabalho de me acompanhar no cemitério para visitar a mamãe. Você preferiu ir àquela maldita competição de patins do James!

Beijos de rivalidade  - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora