Dezoito.

32 1 0
                                    

Valentina Ferragni
Milão, Itália

A noite anterior tinha sido difícil, para dizer o mínimo. Eu já estava sob tanto estresse, com as mensagens de ódio que não paravam de chegar, e cada uma delas parecia ser mais cruel que a anterior. Tudo começou a pesar sobre mim, e quando finalmente consegui fechar os olhos e tentar dormir, senti aquelas dores agudas. No começo, pensei que fosse apenas o cansaço, o peso de tudo o que estava acontecendo, mas as dores não cessavam. Na verdade, pareciam se intensificar conforme as horas passavam.

Quando o sol finalmente surgiu, levantei da cama, ainda exausta, e fui direto ao banheiro. Foi lá que percebi o sangramento. Ele era leve, mas o suficiente para me assustar. Um frio percorreu minha espinha e, por um momento, me senti paralisada. Peguei o celular e, com as mãos trêmulas, liguei para minha médica. A voz do outro lado da linha, sempre tão calma e profissional, me tranquilizou um pouco, mas a recomendação dela para que eu fosse ao consultório imediatamente não ajudou muito a dissipar meu medo.

— Dami... — chamei, minha voz mal saindo como um sussurro. — Precisamos ir ao consultório agora.

Damiano estava do meu lado em segundos, seu olhar alarmado examinando meu rosto em busca de respostas.

— O que aconteceu? Está com dor? É a bebê? — Ele disparou as perguntas rapidamente, e eu só consegui acenar com a cabeça, tentando manter a calma.

— Estou com um leve sangramento — expliquei, minha voz tremendo. — A médica disse que precisamos ir para o consultório. Ela vai nos ver agora.

Não precisei dizer mais nada. Em poucos minutos, estávamos no carro, Damiano dirigindo rápido, mas com cuidado, enquanto eu olhava para fora, tentando controlar a respiração. A estrada parecia se estender indefinidamente à minha frente, e o medo de que algo estivesse errado com Violetta só crescia.

Chegamos ao consultório, e mal tive tempo de me sentar na sala de espera antes de ser chamada. A médica nos recebeu com seu sorriso reconfortante, mas pude perceber a sombra de preocupação em seus olhos enquanto ela me examinava.

— Valentina, o colo do seu útero está muito baixo para 27 semanas — ela disse, a voz controlada, mas firme. — Isso é um indicativo de que seu corpo pode estar se preparando para um parto prematuro. Vou colocar você de repouso absoluto a partir de agora.

A notícia foi como um soco no estômago. Parto prematuro? Repouso absoluto? As palavras giravam na minha cabeça enquanto eu tentava processá-las.

— O que isso significa exatamente? — perguntei, minha voz soando distante aos meus próprios ouvidos.

— Isso significa que precisamos tomar algumas precauções — ela respondeu. — Vou prescrever um medicamento de corticoide para fortalecer os pulmões da bebê, caso ela nasça prematuramente. Se o seu colo do útero não estabilizar até as 30 semanas, entraremos com Progesterona Micronizada. E se ainda houver risco, vamos considerar a cerclagem, que é um procedimento para fechar o colo do útero e evitar um parto prematuro.

Damiano apertou minha mão, seu polegar fazendo pequenos círculos na minha pele, tentando me acalmar. Mas minha mente estava a mil, imaginando todas as possibilidades, todos os cenários assustadores que podiam se desenrolar.

— Eu... eu realmente preciso de repouso absoluto? — A ideia de ficar parada, sem poder me mover muito ou fazer as coisas que normalmente fazia, parecia impossível de aceitar, mas ao mesmo tempo, eu sabia que faria qualquer coisa por Violetta.

— Sim, é essencial. Precisamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para garantir que ela fique dentro de você o máximo de tempo possível — a médica explicou, sua expressão gentil mas determinada. — Eu sei que pode ser difícil, especialmente com todo o estresse que você tem enfrentado, mas é crucial que você se cuide agora, mais do que nunca.

Supermodel - Damiano David. Onde histórias criam vida. Descubra agora