Vinte e Oito.

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Valentina Ferragni
Milão, Itália

O espelho no meu quarto refletia uma imagem que eu mal reconhecia. Meu rosto estava pálido, com olheiras profundas, como sombras escuras que acentuavam o cansaço impregnado em meu corpo. O peso que eu havia ganhado durante a gravidez simplesmente desaparecera, como se a energia tivesse sido drenada de mim junto com os quilos. Eu me sentia vazia, como uma casca de quem eu era antes de Violetta nascer.

Passei as mãos pelo meu rosto, tentando encontrar traços da mulher que eu costumava ser, mas tudo o que vi foi alguém sugada, quase esquelética. Eu estava mais magra do que antes de engravidar, algo que, em outro momento, poderia ter me deixado feliz, mas agora só me preocupava. Sabia que essa perda de peso não era saudável; era um reflexo do quanto eu estava lutando para manter tudo sob controle.

O som do choro de Violetta ecoou pela casa, arrancando-me dos meus pensamentos. Fui até o berço dela, e ao vê-la com os bracinhos estendidos para mim, senti meu coração apertar. Apesar de todo o cansaço, ela era minha força, minha luz no meio de toda essa escuridão.

— Eu sei, meu amor... eu sei. — murmurei enquanto a pegava no colo, aninhando-a em meus braços. Ela logo começou a mamar, e, por um breve momento, a sensação de ser necessária para ela me deu um pouco de paz.

Enquanto Violetta mamava, minha mente vagava. Eu estava exausta, completamente exausta. A ideia de ligar para Damiano passou pela minha cabeça, como uma tentativa desesperada de buscar algum alívio, alguma ajuda. Mas a simples ideia de falar com ele, de encarar a realidade da traição que ainda doía como uma ferida aberta, me fez desistir imediatamente.

Eu sabia que precisava de ajuda, mas não queria pedir. Não para ele. Havia uma barreira entre nós agora, uma barreira que eu não sabia se estava pronta para atravessar. E enquanto essa barreira existisse, eu sentia que teria que enfrentar tudo sozinha.

A manhã parecia se arrastar, cada minuto passando como se fosse uma eternidade. Depois de alimentar Violetta, eu a coloquei de volta no berço, mas ela continuou inquieta. Passei a próxima hora embalando-a, cantando suavemente para ela, esperando que isso a acalmasse.

— Sabe, Vivi, você é a melhor coisa que já me aconteceu. — sussurrei, mesmo sabendo que ela não podia me entender. — Eu sei que estou tentando o meu melhor... mas não é fácil. Não é fácil fazer tudo isso sozinha.

Ela me olhou com aqueles olhinhos grandes e curiosos, como se tentasse absorver tudo o que eu estava dizendo. Eu suspirei, sentindo as lágrimas começarem a se formar, mas as segurei. Não podia me deixar desabar na frente dela, não enquanto ela precisasse de mim.

O toque do celular me tirou daquele momento. Era minha mãe. Eu sabia que ela estava preocupada, que queria saber como eu estava lidando com tudo isso.

— Oi, mãe. — atendi, tentando manter minha voz o mais normal possível.

— Valentina, está tudo bem por aí? — A voz dela estava cheia de preocupação.

— Sim, mãe. Está tudo bem. — menti, forçando um sorriso que eu sabia que ela não podia ver.

— Tem certeza? Você está tão distante... Eu sei que as coisas estão difíceis.

— Eu estou lidando com isso. Violetta está bem, e isso é o que importa, não é?

Ela fez uma pausa, provavelmente tentando decidir se deveria pressionar mais ou não. Por fim, ela suspirou.

— Tudo bem, meu amor. Mas saiba que estou aqui se precisar de qualquer coisa, está bem?

— Eu sei. Obrigada, mãe. — respondi antes de me despedir e desligar.

Supermodel - Damiano David. Onde histórias criam vida. Descubra agora