Quarenta e Três.

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Valentina Ferragni
Milão, Itália.

Quando saí do escritório do advogado, senti uma onda de alívio misturada com uma pontada de incerteza. As palavras dele ainda ecoavam na minha mente: "As chances são altas, Valentina. Você muito provavelmente ganhará a causa". Ele explicou com calma e confiança que, devido às ações de Damiano no passado e, especialmente, aos problemas de Dove, eu tinha uma vantagem significativa. Mas, apesar da segurança que o advogado transmitiu, eu sabia que a batalha ainda seria árdua e emocionalmente desgastante.

Voltei para casa em silêncio, minha mente ocupada com os próximos passos e o que isso significaria para mim e, principalmente, para Violetta. Quando abri a porta do apartamento, o som das risadas de minha filha ecoou pela sala, trazendo-me de volta ao presente. Lá estava ela, sentada no tapete da sala, brincando com Dior, sua risada pura e despreocupada me atingindo como um soco no estômago.

Assim que me viu, Violetta correu até mim, jogando-se em meus braços. Abracei-a com força, sentindo as lágrimas ameaçando cair novamente. *Ela não merece nada disso,* pensei, enquanto afundava o rosto nos seus cabelos macios, tentando encontrar alguma força naquele momento.

— Mamãe, você tá chorando? — Violetta perguntou, sua vozinha cheia de preocupação, ao notar que eu estava enxugando discretamente as lágrimas. Eu não queria que ela me visse assim, não queria que percebesse a bagunça em que a nossa vida tinha se transformado.

Afastei-me um pouco, tentando sorrir, mas o gesto saiu forçado.

— Estou bem, meu amor. Só tive um dia difícil no trabalho. — Menti, sentindo o peso de cada palavra.

Violetta me observou com seus olhos grandes e questionadores, como se pudesse ver através da mentira. Eu sabia que ela era esperta, mais do que muitas crianças da idade dela, e percebia quando algo estava errado. Mas, antes que ela pudesse fazer mais perguntas, eu me levantei rapidamente.

— Vou preparar o jantar, está com fome? — perguntei, tentando desviar a atenção dela.

Ela assentiu, mas antes de me deixar ir para a cozinha, pegou na minha mão, puxando-me suavemente de volta para perto.

— Mamãe... por que a gente parou de comer pizza com o papai toda quinta-feira?

As palavras dela me atingiram como uma facada no peito. Fiquei paralisada por um momento, sem saber como responder. A última coisa que queria era inventar desculpas, mas sabia que a verdade era cruel demais para ela entender agora. Respirei fundo, tentando acalmar o nó na minha garganta.

— As coisas mudaram um pouco, meu amor. Mas... quem sabe a gente não volta a fazer isso um dia, hein? — Minha voz saiu baixa, quase como um sussurro, enquanto eu evitava olhar diretamente nos olhos dela.

Violetta franziu o cenho, claramente insatisfeita com a minha resposta.

— Eu sinto falta de quando a gente ficava todos juntos... — Sua voz, carregada de tristeza, foi o suficiente para fazer meu coração se partir mais um pouco. — E eu sinto falta do papai fazendo você rir. Agora você está sempre tão triste, mamãe.

A dor e a culpa se misturaram dentro de mim, criando uma tempestade que ameaçava me engolir. Eu me segurei com todas as forças para não desabar ali, na frente dela. Eu preciso ser forte para ela, repeti para mim mesma, como um mantra.

— Ah, minha pequena... — Ajoelhei-me à sua altura, segurando seu rostinho delicado entre minhas mãos. — Eu sei que você sente falta. Eu também sinto... Mas às vezes as coisas mudam, e a gente precisa aprender a lidar com essas mudanças.

Supermodel - Damiano David. Onde histórias criam vida. Descubra agora