Trinta e Três.

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Damiano David
Milão, Itália.

O dia tinha sido exaustivo. Cada compromisso parecia um teste de resistência, tanto física quanto emocional. Valentina estava tão apática, tão distante, e Violetta, ainda tão pequena, precisava de cuidados constantes. Após finalmente chegar em casa, a primeira coisa que fiz foi colocar Valentina na cama, esperando que ela pudesse descansar um pouco. Em seguida, cuidei de Violetta, que já estava exausta e chorosa. Depois de embalá-la até que ela adormecesse, finalmente a deitei ao lado de Valentina. O apartamento estava quieto, e tudo que eu queria era um momento para mim, um momento de silêncio, um momento para respirar.

Caminhei até o sofá e me joguei nele, sentindo o cansaço se espalhar pelo meu corpo. Fechei os olhos por um instante, mas antes que pudesse relaxar, a campainha tocou. Suspirei, quase sem forças para levantar, mas me obriguei a ir até a porta. Quando abri, lá estavam Victoria, Thomas e Ethan, todos com expressões preocupadas.

— O que vocês estão fazendo aqui? — Perguntei, tentando esconder o cansaço na voz.

Victoria foi a primeira a falar, a preocupação evidente no rosto dela.

— Você não apareceu no ensaio para o Sanremo. — Disse ela, a voz suave, mas cheia de preocupação. — Ficamos preocupados com você.

Fechei os olhos por um momento, sentindo a culpa se acumular sobre meus ombros. Como eu podia ter esquecido algo tão importante? Era o Sanremo, um dos maiores eventos da nossa carreira, e simplesmente me passou despercebido.

— Eu... — Comecei, mas as palavras fugiram da minha boca. — Eu me esqueci completamente. Sinto muito.

Eles não disseram nada de imediato, mas as expressões em seus rostos diziam tudo. Eles sabiam o que estava acontecendo, ou pelo menos, tinham uma boa ideia. Sem esperar por um convite, eles entraram no apartamento, se espalhando pela sala como se soubessem que precisavam estar ali.

— Damiano, você está sobrecarregado. — Thomas finalmente falou, cruzando os braços enquanto me observava.

Olhei para eles, querendo dizer algo, qualquer coisa para afastar o peso do momento, mas ao invés disso, senti as palavras começarem a sair, quase sem que eu tivesse controle sobre elas.

— Eu estou exausto. — Confessei, sentindo um nó na garganta. — Eu... eu estou machucado. Tudo isso... a situação com Valentina, Violetta, as constantes brigas com Chiara e Francesca... Elas continuam dizendo que é tudo minha culpa, que eu destruí a vida dela, e... — As palavras ficaram presas, e finalmente, as lágrimas começaram a cair.

Victoria se aproximou, colocando uma mão reconfortante no meu ombro.

— Você não está sozinho, Damiano. — Disse ela suavemente. — Estamos aqui para você, e vamos passar por isso juntos.

Não percebi que Valentina estava ouvindo até que senti um par de braços ao redor de mim. Olhei para baixo e lá estava ela, os olhos cheios de lágrimas, mas pela primeira vez em dias, ela estava presente, comigo. Eu a abracei de volta, com força, como se aquele gesto pudesse segurar todas as peças que estavam se despedaçando ao meu redor.

— Eu sinto muito... — Murmurei contra o cabelo dela, as palavras mal saindo entre os soluços. — Sinto muito por tudo.

Ela não disse nada, apenas ficou ali, abraçada a mim. Eu sabia que as palavras não eram necessárias, que o gesto em si já dizia muito. Mesmo em meio à escuridão que estava nos engolindo, havia uma faísca de esperança, algo que me fazia acreditar que, de alguma forma, iríamos sair dessa.

Victoria, sempre prática, fez uma sugestão que, naquele momento, parecia a melhor ideia do mundo.

— Que tal nós ficarmos por aqui hoje à noite? — Disse ela, olhando para Thomas e Ethan, que assentiram em concordância. — Podemos ajudar com Violetta, para que você possa descansar um pouco.

Supermodel - Damiano David. Onde histórias criam vida. Descubra agora