Vinte e Nove.

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Damiano David
Milão, Itália

O som do meu celular vibrando na mesa de cabeceira me tirou do sono pesado. Minha mão tateou pelo aparelho, ainda sem abrir os olhos, enquanto o nome de Chiara brilhava na tela. Era estranho, ela nunca me ligava assim, sem aviso, e uma pontada de preocupação se instalou no meu peito.

— Chiara? — Atendi, tentando clarear a voz sonolenta.

— Damiano, desce agora para o apartamento da Valentina. — A voz dela estava tensa, carregada de urgência. O coração disparou no meu peito, e o sono evaporou na mesma hora.

— O que aconteceu? — Perguntei, já me levantando da cama, pegando as primeiras roupas que encontrei.

— Só desce! — Ela desligou antes que eu pudesse fazer mais perguntas.

Corri para fora do apartamento, ignorando a escada e indo direto para o elevador. Quando as portas finalmente abriram no andar de Valentina, encontrei Chiara no hall, andando de um lado para o outro. Seu rosto estava pálido, os olhos grandes de preocupação.

— O que está acontecendo? — Perguntei, minha voz soando mais áspera do que eu pretendia.

Chiara parou de andar e me olhou com uma mistura de frustração e medo.

— Violetta está chorando há quase uma hora, e Valentina não abre a porta. — Ela começou a falar rápido, gesticulando com as mãos. — Eu estou aqui batendo, gritando o nome dela, mas nada. Nem um som. Só Violetta chorando, e eu não sei o que fazer!

Senti o pânico começar a subir por dentro de mim. Violetta chorando sozinha? Valentina trancada no quarto? Algo estava muito errado. Comecei a andar em direção à porta do apartamento delas, tentando me manter calmo.

— Você tem as chaves? — Ela perguntou quando me aproximei da porta.

— Não. — Respondi sem pensar, já pegando o celular do bolso. Chiara continuou falando, sua voz começando a me irritar enquanto eu tentava pensar em uma solução.

— Como assim você não tem as chaves? O que você vai fazer? — Ela disparou as perguntas, o pânico na voz dela ecoando o meu próprio.

Eu abri o celular e comecei a procurar o número da Victoria, tentando ignorar o fluxo incessante de palavras que Chiara continuava despejando.

— Damiano, pelo amor de Deus, faz alguma coisa! Você fica aí mexendo no celular enquanto a sua filha está chorando e Valentina pode estar... —

Minha paciência se esgotou.

— Cala a boca! — Gritei, sentindo minha voz ecoar no hall. Chiara parou de falar na hora, me olhando com choque e uma pontada de mágoa nos olhos.

Por um segundo, o silêncio tomou conta de nós dois, exceto pelo choro distante de Violetta que ainda podia ser ouvido do lado de fora da porta. Respirando fundo, tentei explicar.

— Estou ligando para a Victoria. Ela tem as chaves. — Falei com mais calma, embora meu coração ainda estivesse acelerado.

Chiara não disse nada, apenas assentiu lentamente, ainda processando o que eu havia dito.

O telefone chamou algumas vezes antes que Vic atendesse, a voz dela soando cansada, mas alerta.

— Damiano? O que foi? — Ela perguntou imediatamente, e percebi que ela já sabia que algo estava errado.

— Vic, você está com as chaves do apartamento da Valentina? — Perguntei rapidamente, o desespero começando a transparecer na minha voz.

— Estou, o que aconteceu? — Ela respondeu, a preocupação evidente.

Supermodel - Damiano David. Onde histórias criam vida. Descubra agora