Quarenta e Nove.

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Valentina Ferragni
Tokyo, Japão.

O corredor do hotel estava silencioso, exceto pelo som abafado das minhas botas contra o carpete macio. Eu estava ali, no Japão, depois de uma viagem que durou quase um dia inteiro. Meus nervos estavam à flor da pele, e a adrenalina parecia não querer me abandonar desde o momento em que eu decidi embarcar naquele avião.

Enquanto caminhava em direção ao quarto de Damiano, senti meu coração disparar. Era uma loucura o que eu estava fazendo, indo até o outro lado do mundo sem nem ao menos avisá-lo. Mas algo em mim sabia que eu precisava fazer isso. Precisava provar a mim mesma que eu ainda era capaz de correr atrás do que queria, que ainda havia uma chance para nós, e que, acima de tudo, o que eu sentia por Damiano era real, verdadeiro, e merecia ser vivido.

Cheguei à porta do quarto dele e respirei fundo, tentando acalmar a agitação no meu peito. Apertei a campainha, meu coração batendo tão forte que eu quase podia ouvi-lo. A espera parecia interminável, e eu me perguntei, por um breve momento, se isso tudo era realmente uma boa ideia. Mas antes que eu pudesse reconsiderar, a porta se abriu, revelando um Damiano claramente surpreso.

— Valentina? — Ele disse, os olhos arregalados de surpresa, e por um instante, o tempo pareceu parar.

Eu ri, um pouco sem graça, e balancei a cabeça, ainda sem acreditar que estava ali.

— Sim... Eu mesma.

Damiano deu um passo para trás, abrindo a porta mais completamente, como se não acreditasse no que estava vendo.

— O que você está fazendo aqui? eu pensei que você não viria.

Eu entrei no quarto, fechando a porta atrás de mim e me virando para encará-lo.

— Eu viajei 148 horas de avião nos últimos dois anos para te encontrar. — Minha voz tremia levemente, mas eu continuei. — E todas as vezes eu dizia que era por Violetta... Mas a verdade é que era por mim. Porque eu não conseguia ficar longe de você.

Damiano ficou em silêncio, os olhos fixos nos meus, absorvendo cada palavra que eu dizia.

— Eu acabei de passar 19 horas sozinha voando... E em nenhum momento me senti assustada. Porque tudo o que eu queria era chegar em Tóquio e correr para os seus braços.

A confissão saiu com mais facilidade do que eu esperava. Dizer a verdade em voz alta, admitir para ele e para mim mesma o que eu realmente sentia, trouxe uma sensação de alívio e liberdade que eu não sabia que precisava.

Damiano deu um passo em minha direção, e seus olhos, que antes estavam cheios de surpresa, agora brilhavam com algo mais profundo.

— Valentina... Eu não sei o que dizer.

Eu sorri, sentindo as lágrimas se acumularem nos meus olhos.

— Você não precisa dizer nada. Eu só precisava que você soubesse. Porque não aguento mais ficar longe de você, Damiano.

Ele estendeu a mão, e eu a segurei, sentindo o calor familiar de seu toque.

— Eu... — Ele começou, mas sua voz falhou por um momento. — Eu não fazia ideia de que você se sentia assim. De que tudo isso era tão difícil para você também.

— Não foi fácil. — Respondi, dando um passo mais perto dele. — Mas, de alguma forma, sempre parecia certo, mesmo com todas as dificuldades. E agora, depois de tudo o que passamos, acho que finalmente entendi que não posso continuar fugindo do que sinto por você.

Damiano me puxou para mais perto, e eu podia sentir a intensidade de seus sentimentos em cada movimento.

— Valentina, eu nunca deixei de te amar. Mesmo quando tudo estava uma bagunça, mesmo quando eu estava confuso, quando eu estava fazendo tudo errado... Você sempre foi a única coisa que fazia sentido para mim.

Supermodel - Damiano David. Onde histórias criam vida. Descubra agora