Trinta e Oito.

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Damiano David
Rio de Janeiro, Brasil

O sol ainda mal havia surgido no horizonte, mas eu já estava de pé, segurando um bolo em minhas mãos, com um sorriso ansioso no rosto. O corredor do hotel estava silencioso, e eu caminhava devagar, tentando não fazer barulho. A expectativa no meu peito era pesada, mas de uma maneira boa. Hoje era um dia especial, e eu não podia esperar para começar as comemorações.

Dove havia resmungado quando me viu saindo tão cedo, mas eu mal tinha dado atenção. Ela poderia ficar irritada à vontade, mas eu sabia onde deveria estar naquele momento. Hoje, tudo girava em torno de Violetta, e também de nós dois, pais dela, que tínhamos conseguido passar por esses três anos incríveis – e às vezes exaustivos – juntos.

Cheguei à porta do quarto de Valentina e, sem hesitar, bati levemente antes de entrar. Ela já estava acordada, claro. Quando nossos olhos se encontraram, senti uma onda de emoções me atingir. Deixei o bolo de lado por um segundo e caminhei até ela, puxando-a para um abraço apertado.

— Três anos, Valen — murmurei contra o cabelo dela, sentindo-a suspirar contra o meu peito. — Nós sobrevivemos a três anos.

Ela riu baixinho, e senti a risada reverberar em mim, trazendo uma onda de nostalgia e gratidão. Eu sabia que os últimos três anos não tinham sido fáceis, mas ali, naquele abraço, parecia que tudo tinha valido a pena.

— Conseguimos, Damiano — ela respondeu, a voz embargada pela emoção. Quando nos afastamos o suficiente para nos olharmos, vi que os olhos dela estavam brilhando com lágrimas não derramadas. — Três anos de amor, desafios, aprendizado... e de Violetta.

Assenti, tentando manter a compostura, mas a verdade é que era difícil não ser tomado por todas aquelas lembranças. O nascimento de Violetta, os primeiros passos, as noites sem dormir... Era uma jornada intensa, mas cada momento tinha nos moldado como pais e, de alguma forma, como pessoas também.

— Eu não poderia ter feito isso sem você — confessei, sabendo que era uma verdade profunda. Valentina sempre esteve ali, mesmo nos momentos mais difíceis, e isso significava mais do que qualquer coisa.

Ela apertou minha mão com carinho, e por um momento, ficamos ali, apenas apreciando o silêncio e a companhia um do outro. Sabíamos que logo Violetta estaria acordada e que a manhã se transformaria em uma correria alegre, mas aquele instante de calma era precioso.

Depois de alguns minutos, ambos decidimos que era hora de acordar a aniversariante. Peguei o bolo novamente, e Valentina preparou a câmera para capturar o momento. Caminhamos juntos até a cama de Violetta, e quando nos inclinamos sobre ela, começamos a cantar "Parabéns" suavemente.

Os olhos azuis de Violetta se abriram devagar, piscando de sono, mas logo um sorriso largo se espalhou pelo rosto dela ao nos ver. Sem hesitar, ela pulou para os nossos braços, nos envolvendo em um abraço caloroso, e senti meu coração se encher de alegria. Aquele pequeno ser humano havia se tornado o centro do meu universo, e momentos como aquele eram um lembrete constante de por que tudo valia a pena.

— Feliz aniversário, meu amor — murmurei no ouvido dela, beijando o topo de sua cabeça.

— Papai! Mamãe! — ela exclamou, a voz ainda um pouco rouca pelo sono. — É meu aniversário!

— Sim, é o seu dia — Valentina respondeu, com uma risada. — E temos uma surpresa para você.

Violetta arregalou os olhos, curiosa, e nós a levamos até a mesa no canto do quarto, onde Valentina havia preparado um café da manhã digno de uma princesa. A mesa estava decorada com flores, pequenos brinquedos e pratos que pareciam ter saído diretamente de um conto de fadas.

Supermodel - Damiano David. Onde histórias criam vida. Descubra agora