Vinte e Sete.

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Valentina Ferragni
Milão, Itália.

Eu ainda estava com sono quando meu celular tocou, vibrando em cima da cabeceira. Peguei o aparelho sem pensar muito, esperando que fosse alguma mensagem de bom dia, ou talvez uma foto fofa de Violetta dormindo. Mas era Bea, e a voz dela tinha um tom urgente que me fez sentar na cama imediatamente.

— Você já olhou suas redes sociais hoje? — perguntou ela, e eu senti meu estômago dar um nó instantâneo.

— Ainda não, por quê? — respondi, sentindo um frio na espinha.

— Olha, Val... Só tenta não surtar, tá? — a voz de Bea era cautelosa, quase triste, e aquilo me deixou ainda mais inquieta.

Meu coração começou a bater mais rápido enquanto eu abria o Instagram, os dedos trêmulos deslizando pela tela. Demorou alguns segundos para que as fotos carregassem, mas quando elas apareceram, eu senti o mundo ao meu redor desmoronar. Eram fotos de Damiano e Dove, no festival antes de Violetta nascer, e eles estavam se beijando.

Fiquei paralisada por alguns segundos, sentindo um nó se formar na minha garganta. O chão parecia ter sido arrancado debaixo dos meus pés. Como ele pôde fazer isso? E logo quando eu estava em casa, esperando, cuidando de nossa filha. A dor me atingiu como uma maré avassaladora, cada imagem parecendo cravar uma lâmina mais profunda no meu peito.

Respirei fundo, mas o ar parecia pesado, quase impossível de puxar para dentro. Levantei-me da cama de repente, movida pela adrenalina e pela raiva, sem pensar em mais nada além de confrontá-lo. Caminhei até a cozinha, onde o encontrei tranquilamente preparando café, como se nada tivesse acontecido, como se o nosso mundo não tivesse acabado de se despedaçar.

— Você não tem nada pra me dizer? — minha voz saiu mais alta e ríspida do que eu pretendia, mas eu não conseguia controlar.

Damiano se virou, surpreso, com o olhar confuso.

— Val, do que você tá falando? — ele perguntou, claramente sem entender.

Peguei o celular, mostrei a ele as fotos, os dedos tremendo tanto que mal consegui segurar o aparelho. O rosto dele empalideceu, e eu vi o pânico começar a surgir em seus olhos.

— Isso não é o que parece... — começou ele, mas eu não deixei que continuasse.

— Não é o que parece?! — gritei, sentindo as lágrimas começarem a escorrer. — Você me traiu, Damiano! E agora tem a coragem de ficar aqui, agindo como se tudo estivesse bem, como se eu fosse a idiota que nem deveria estar magoada!

Ele tentou se aproximar, mas eu me afastei, o nojo e a mágoa tomando conta de mim. Tudo o que eu conseguia pensar era em todas as noites que passei sozinha, esperando ele voltar para casa, confiando nele. A confiança que agora estava destruída.

— Val, me escuta, por favor... — ele insistiu, a voz dele um pouco trêmula.

— Escutar o quê? Que você estava tão entediado comigo e com a nossa filha que precisou sair e se divertir com outra? — cuspi as palavras com amargura, sentindo uma dor física no peito. — Eu te dei tudo de mim, Damiano. Acreditei em você. E você retribui assim?

Ele ficou em silêncio, os olhos cheios de culpa e tristeza. Mas naquele momento, eu não conseguia sentir pena, não conseguia ver o homem que eu amava. Só conseguia ver a traição, a dor que ele me causou.

— Saia da minha casa, agora — eu disse, cada palavra saindo como um sussurro frio.

— Valentina, por favor, me deixe explicar... Eu amo você, amo nossa filha... Isso não significa nada — ele implorou, os olhos suplicantes, mas eu já não conseguia acreditar em nada.

Supermodel - Damiano David. Onde histórias criam vida. Descubra agora