Capítulo 35

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De volta à garagem de aviões, o caos estava solto. Aeronaves pegando fogo, pessoas jogadas por todos os lados. Fumaça, sangue, tudo destruído. E aquilo era o nível do mar, torcemos para não terem entrado no subsolo.

No caminho até a saída, havia vários soldados do Klaus usando roupas leves uniformizadas: camisas verdes escuros e calças pretas. Também possuíam uma máscara preta que cobria tudo, menos os olhos, como uns ninjas do mal.

Fomos no modo furtivo, nos escondendo pelos escombros perto da parede. Uns dos ninjas estavam verificando se todos estavam realmente mortos. Alguns estavam entrando na porta que acabamos de passar, para chegar à enorme oficina. Por sorte, já havíamos saído de lá.

— Não façam movimentos bruscos. Se um deles nos ver e for um mestre, estamos mortos. — alertou Victoria.

Eu e Rebecca concordamos.

Rebecca estava assustadíssima, com o olhar arregalado olhando para toda aquela morte. Eu estava fazendo de tudo para me manter calmo. Por bem ou por mal, aquilo não era mais novidade pra mim.

Corremos de um monte de escombros até o outro. Depois outro, depois outro. Mas, então, eu parei. Dois dos soldados inimigos estavam encurralando um trabalhador na parede do outro lado. O rapaz segurava uma barra de metal na defensiva enquanto chorava e recuava. Os dois agressores se aproximavam, um magro com lava pingando de sua mão, e o outro soltando pequenos raios de seu corpo.

— Vou criar uma distração. Não voltem para me buscar. — disse apenas.

Sem conseguir pensar em nenhuma maneira de ganhar essa batalha, saí do meu esconderijo e atravessei o local rapidamente para onde o provável assassinato aconteceria. Victoria foi esperta o suficiente para não gritar para me impedir e dedurar sua localização, mas eu senti na minha nuca a raiva que ela estava sentindo de mim naquele momento. Mas eu não poderia simplesmente deixar um cara ser morto, sendo que eu poderia fazer algo a respeito. Um instinto heroico, porém suicida, que eu fui descobrindo aos poucos que eu tinha guardado dentro de mim.

Antes que pudessem fazer algo, eu chamei.

— Ei!

Ambos se voltaram para mim pouco antes de eu chegar a toda velocidade dando uma voadora no que controlava eletricidade. Ele foi jogado com tanta força contra a parede que ela rachou. Ele caiu no chão desorientado. O rapaz magro, que mais de perto percebi que era uma garota, não teve tempo de reagir, pois consegui aproveitar bem meu elemento surpresa. Segurei-a pelos braços e pernas e a ergui sobre minha cabeça. Logo em seguida, a arremessei com força contra a parede, fazendo-a cair sobre seu colega.

— Você tá bem? — o rapaz, ainda tremendo de medo, segurando sua barra de ferro, confirmou. — Ótimo, então vamos.

Peguei ele pelo braço e puxei para que saíssemos o mais rápido dali. Do outro lado, pude ver Victoria carregando as correntes da Rebecca sem muitas dificuldades. Logo estariam do lado de fora. Já eu com meu amigo aqui, teríamos que correr um pouco mais. Ninguém pareceu ter percebido o que eu fiz com aqueles dois, e se viu, foi tarde demais, pois já estávamos bem distantes.

Lá fora estava repleto de mais destruição e soldados inimigos. Muitos dos nossos estavam sendo presos em cubos metálicos, amordaçados e algemados. Ao longe, acima de nós, estava o prédio de entrada para a base ao lado da montanha.

Corremos para onde as meninas estavam escondidas, atrás de um jato em chamas. Elas não tinham boas notícias.

— Os homens do Klaus parecem ter chegado de paraquedas, nenhum avião chegou a pousar. Eles barraram a entrada da base da montanha. Vamos ter que entrar pelo prédio lá de cima. Mas não achei nenhum helicóptero funcionando para podermos subir. Tem algum plano? — indagou Victoria.

Benjamin Heartwell e a Pedra de ScaldorOnde histórias criam vida. Descubra agora