Capítulo 20

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Acordei mais cedo no outro dia. Tomei um banho e saí do quarto sem fazer muito barulho. O corredor estava vazio, muito parecido com o internato. Todos os alunos ainda estavam dormindo, como era de se esperar.

Caminhei para o local onde todos os corredores pareciam convergir: o enorme refeitório. Alguns adultos já estavam de pé e preparando as coisas para o café da manhã que começaria em uma hora. Ninguém pareceu se importar com minha presença. Então fui até o andar que continha as várias salas de treino e entrei na mais apropriada para meu elemento.

Era uma sala menor, talvez para treino individual ou em dupla. Havia bonecos nos quais eu poderia bater com força sem destruí-los tão facilmente. Vi que tinha algumas armas medievais como espada, lança, escudo e adagas presas na parede. Ainda não sabia qual combinaria melhor comigo, então comecei com a espada. Eu queria me familiarizar com uma arma, por isso testei cada uma delas. Percebi que aquilo era algo ao qual eu queria me dedicar. Me motivava. Treino era mais agradável que estudo. Meu corpo não era mais sedentário e mole igual antes. Incrível como uma boa alimentação, suplementos nutricionais e poderes sobrenaturais podem melhorar sua disposição.

Duas horas se passaram e eu nem percebi.

— Vá comer, Heartwell. — era Frank.

Me desequilibrei no meio de um movimento com um bastão e olhei para ele. Ele estava na porta.

— Há quanto tempo tá aí?

— Não muito. Você obviamente estava concentrado demais para me notar.

— Pois é... — girei o bastão com os dedos. — Queria ficar bom em alguma coisa.

— Gostei da iniciativa, mas você precisa comer. O refeitório não vai ficar aberto por muito mais tempo.

— Sim, senhor. Parece que perdi a noção do tempo.

— Não se esqueça que terá aula comigo ainda hoje.

Assenti.

Depois que Frank saiu, eu me apressei em ir comer. No refeitório, me encontrei com alguns dos meus amigos, mas logo tiveram que partir cada um para suas próprias aulas. Essa seria minha rotina de agora em diante, e aquilo me deu um bom pressentimento.

Durante o dia, senti que Frank prestava mais atenção em mim do que no resto da turma, o que eu não era muito fã. Consegui completar todas as atividades que ele nos colocava para fazer. Claro que nada muito avançado. Minha classe era de alunos do segundo ano, de cinco.

Quando me encontrou pela segunda vez na sala de treino sozinho de madrugada, ele se propôs a me dar aulas particulares.

Estas aulas eram nada mais que aulas de luta. Eu tinha que enfrentá-lo e derrubá-lo, utilizando qualquer meio necessário. Ele me dava dicas e técnicas de como utilizar meus poderes ao meu favor, como minha pele. Eu não precisava perder tempo me desviando e esquivando de ataques tanto quanto outros dominadores. Como eu era bastante resistente, levar um soco para poder acertar um chute muito forte acabaria valendo muito mais na maioria das vezes.

Continuei acordando cedo e dormindo tarde, tentando aperfeiçoar minhas habilidades. Conversava de vez em quando com meus amigos no quarto quando eu chegava e eles ainda estavam acordados.

Com o passar da semana, percebi uma pequena evolução em todo mundo. Charlie agora já voava de lá para cá. Andar havia se tornado ultrapassado para ele. Uriel nos contou que havia começado a aprender a se transformar em um monte de areia, e nos fez uma demonstração no próprio quarto. Foi bom vê-lo começando a se encaixar naquilo tudo. Ele parecia um pouco mais confiante. No refeitório, nos encontrávamos com Jenni que aprendia a habilidade de cura com a Dra. Martha. Gabriella já conseguia esquentar seu corpo a altas temperaturas e controlar pequenas quantidades de lava com certa facilidade. Disse que, com o tempo, passaria a aprender a derreter rochas pequenas. Já Kevin ainda apresentava dificuldade de controlar pedaços de metal maiores que sua mão. Mesmo assim, treinava toda noite para melhorar.

Benjamin Heartwell e a Pedra de ScaldorOnde histórias criam vida. Descubra agora