Victoria se ajoelhou ao meu lado e me abraçou para eu não tombar de vez. Fui retribuir, mas meus braços não se mexiam com tanta facilidade.
Antes que eu desmaiasse, a Dra. Martha e Frank apareceram pulando de uma das passarelas vários metros acima. Deviam estar batalhando em algum outro lugar. A doutora tirou umas castanhas grandes do bolso, quebrou a casca com as próprias mãos e as abriu perto do meu nariz. Aquilo me acordou instantaneamente.
Coloquei-me de pé e ajudei Victoria a se levantar, mas a doutora ainda não havia terminado. Ela fechou os olhos e fez uns cipós surgirem do chão e me envolverem até o pescoço. Ela então transmitiu sua energia vital para a planta que me envolvia, a qual emitiu um brilho amarelo fraco. Os soldados do Avalon estavam curiosos e pararam para ver minha cura, mas Frank logo os mandou prender os inimigos e ajudar no resto da batalha que ocorria lá fora.
Poucos segundos depois, eu estava completamente recuperado. Em algum lugar durante a luta, alguém com Antírio havia me ferido em dois lugares, mas foram completamente curados. A Dra. Martha fez as plantas me soltarem, então ela se aproximou de mim, colocou sua mão no meu rosto e me puxou para me dar um beijo na testa, como se fosse seu neto. Em seguida, sorriu e apontou para meu peito. Eu afirmei com a cabeça. Seu sorriso aumentou e quase fez seus olhos desaparecerem.
Depois disso, ela entrou no modo Imperium. Seu cabelo, que agora não estava preso em seu habitual coque, se transformou em folhas de outono. Sua pele virou madeira enrugada e seus olhos brilhavam.
Várias raízes surgiram do chão e envolveram vários que estavam feridos em uma espécie de casulo parecido com o meu.
Frank se aproximou.
— Garoto, eu não sei como você conseguiu fazer isso, mas seria injusto chamar de qualquer coisa abaixo de milagroso. Você salvou muitas vidas hoje.
— Puxei meu pai. — afirmei. Frank arregalou os olhos.
— Você... sabe?
— Sei sim. Inclusive, valeu por me contar, hein? — afirmei. Ele coçou a nuca.
— Sinto muito, garoto. Apenas seguindo ordens.
— Imaginei.
— Então pra isso você é bom em guardar segredo? — comentou Victoria.
— Meu pai está aqui. Tenho certeza que vai querer colocar o papo em dia com você depois.
Frank sorriu, o que não era uma coisa muito comum.
— Vamos, precisarei de você na batalha lá em cima. Falarei com ele depois.
— Eu vou ajudar, mas preciso mesmo achar meu pai. E meus amigos.
— Eu entendo, mas cuidado. Não sabemos quantos ainda estão aqui dentro da base. Suba dois andares por aquelas escadas. — disse ele, apontando para uma porta. — Vá para a enfermaria e encontrará seus amigos.
— Obrigado, senhor.
Eu e Victoria corremos para as escadas e começamos a subir pulando os degraus.
— De onde veio essa lança?
— Ganhei de um amigo, eu acho.
— Ganhou? Essa é a lança que você trouxe da ilha. Estão estudando ela há dias e ainda não decifraram a energia que ela transmite.
— Legal, né?
— Não sei se "legal" é a primeira palavra que surgiu na minha cabeça. Que tal "bizarro"?
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Benjamin Heartwell e a Pedra de Scaldor
AventuraPouco tempo após sua vida ter mudado ao ir para o internato, Benjamin Heartwell encontra um novo desafio quando uma organização secreta seleciona ele e alguns outros alunos para serem recrutados como super soldados. Junto com seu melhor amigo, Char...