Capítulo 21

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Abri a porta dupla do ginásio às pressas, mas eu já estava atrasado.

— Heartwell! — gritou Frank. — Atrasado novamente. Você já sabe o procedimento.

Olhei para o relógio na parede. Eram 9:03.

— Só me atrasei três minutos!

— Três minutos a mais do que deveria. Vamos logo!

Caminhei até ele, ao som de algumas risadas. Meus colegas se divertiam com minha humilhação. E, diferente do internato, esse professor apoiava bullying. Era, praticamente, a base do seu ensino.

— De novo hein, Ben. — comentou um dos colegas.

— Levanta ele bem alto dessa vez. — disse outro.

Eu me posicionei em frente à turma envergonhado e fiz uma prancha no chão, apoiando meu corpo todo no meu antebraço e pontas dos pés, deixando minha coluna paralela ao chão (não sei porque tô explicando, você sabe como é fazer prancha).

Durante o semestre no internato, me aventurei na academia, pelo menos, umas três vezes. Cada vez que eu ia, lembrava do quão terrível era e só voltava semanas depois quando já tinha esquecido a sensação. Mas, por já ter ido, eu sabia o quão difícil era ficar nessa posição por muito tempo. Meu recorde costumava ser doze segundos. Já agora, eu poderia ficar o tempo que precisasse sem suar. Meu corpo era leve demais comparado à minha força. Mas, fazer a prancha não era a punição completa...

— Muito bem. — disse Frank. Meu professor, então, subiu nas minhas costas com suas botas grossas como se eu fosse um degrau. Senti o peso de duzentos quilos de músculos ultra densos subir em mim e flexionei ainda mais o abdômen. — Bom dia, turma!

— Bom dia, professor! — gritou todo mundo em coro.

Frank olhou para baixo e me deu umas leve cutucadas na costela com a ponta do seu pé.

— Bom... dia, profe-professor... — respondi, tentando não perder minha concentração.

— Hoje, vamos aprender um movimento novo. Garras Magnéticas. A ideia é simples. Fazer uma pinça de metal e conseguir fazer com que ela espelhe os movimentos do seu braço em tempo real. O objetivo de cada um é, primeiro, transformar as barras de metal em algo que se assemelhe a uma garra ou pinça, e depois enviar a sua energia de partes específicas do corpo. Das dobras dos dedos para as dobras da pinça, e por aí vai. Entendido?

— Entendido! Sim, senhor! — responderam.

Novamente, Ross olhou para baixo.

— Entendi... — confirmei.

Frank controlou pequenas barras planas de metal para a mão de cada aluno, o que me prejudicou.

Basicamente, se você pesar oitenta quilos e subir numa balança, vai aparecer oitenta quilos lá. Mas, se tu controlar um pedaço de metal de cem quilos, a balança agora vai indicar cento e oitenta quilos. Nosso poder de domínio funciona à base da extensão da energia do nosso corpo como "braços telecinéticos" que se conectam com o objeto do nosso elemento. Logo, o peso do objeto é transferido para nós como se estivéssemos carregando com as próprias mãos.

Esse é o motivo de ninguém conseguir subir em uma plataforma de ferro e controlar ela fora do chão por aí para poder voar livremente. É a mesma lógica de você tentar se levantar do chão sozinho pra poder voar.

Tudo isso foi pra dizer que, para minha infeliz sorte, o peso do Frank dobrou.

— Tá difícil aí? — indagou ele.

Benjamin Heartwell e a Pedra de ScaldorOnde histórias criam vida. Descubra agora