Capítulo 38

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A porta para entrar no andar estava aberta. As luzes no corredor piscavam. Três soldados passaram por nós rapidamente, indo em direção às escadas, usando as roupas especiais cinza-escuro, caracterizando-os como dominadores de metal. As espadas de aço também ajudaram na dedução.

— Vocês! Subam para o abrigo imediatamente! Tá um caos lá fora. — ordenou um deles, o que parecia mais velho. — Para onde estão indo? A escada mais próxima tá aqui!

Nós o ignoramos e continuamos correndo enquanto a porta para chegar às escadas explodiu, jogando-os longe. Nós dois paramos assustados e olhamos para ver o que aconteceu.

Os três homens estavam caídos no chão, mas já se levantavam. De dentro da fumaça que a explosão gerou, um rapaz com o uniforme padrão dos inimigos apareceu. Ao seu lado, apareceu Calliopy, a assassina mascarada do Klaus. Meu coração gelou ao ver que ela ainda estava viva. O motivo pelo qual Bruce se sacrificara tinha sido em vão... Ela andou calmamente com sua roupa preta e verde-musgo e a máscara horripilante.

O outro inimigo revelou seu rosto. O rapaz era relativamente baixo para a idade que aparentava ter. E, apesar de magro, seus músculos eram bem definidos. Seu cabelo era ruivo e meio espetado para cima, como se tivesse tomado choque ou sei lá. Seus olhos estavam vidrados em mim como se fosse um prato de comida e ele não comia há dias. Seu olhar era medonho e, por algum motivo, ele sorria. Pareciam bravos. Mas quem me assustou de verdade foi a Calliopy, pois meu pai, em toda sua glória, havia fugido dela.

Os três soldados correram para enfrentá-los. Calliopy deu dois passos para frente e se esquivou da primeira espada com uma sutil inclinação para o lado. Depois, cravou suas garras com força nas costelas expostas do rapaz. O segundo já investia tentando colocar a ponta da espada no seu pescoço, mas novamente ela se abaixou tirando as garras de dentro do primeiro dominador de metal e, levantando rapidamente, abriu quatro cortes profundos da sua barriga até seu peito. Os dois tombaram perante seu olho verde.

O terceiro começou a se afastar lentamente, tremendo de medo. Mas ela caminhou até ele, derrubou sua espada com um chute e ergueu ele pelo pescoço. O extremamente forte dominador de metal lutou para sair de seu braço, mas não teve efeito. A morte dos outros dois acabaram sendo bem rápidas, mas aquela eu podia fazer algo a respeito. Tive que esquecer temporariamente que era Calliopy ali para então poder reagir, e controlei de onde eu estava as três espadas caídas para se moverem na direção dela. Ela, com seus reflexos extremamente apurados, soltou a vítima e deu um mortal para trás, não deixando nenhuma lâmina encostar nela. O rapaz fugiu, passando correndo por nós.

— Vamos lutar. — disse Victoria.

— Vá embora. — eu disse.

Victoria olhou para mim.

— Qual é o seu problema? Essa lança pode ser especial, mas não faz mágica. — disse a ruiva. — Você não tem como ganhar dela sozinho.

— Para falar a verdade, nem nós dois juntos podemos ganhar dela. Eu quero é apenas segurá-la para você fugir. — afirmei. Reconheci o instinto do Bruce naquele momento e entendi por que ele havia feito aquilo. — Ache a sua mãe e o meu pai.

— Ben, seu pai também precisa de você. — disse Victoria após alguns breves segundos me observando. — Vamos fugir então.

— Não vão, não. — disse o rapaz inimigo, pouco antes de atirar um raio em nossa direção.

Eu joguei a lança para frente para que o raio a atingisse. Surpreendentemente, deu certo e as veias de eletricidade foram atraídas pelo metal e não nos atingiram. Antes de a lança cair em algum lugar, a fiz voltar para minha mão. Calliopy inclinou a cabeça para o lado, curiosa. Seu único olho me observava com atenção.

Benjamin Heartwell e a Pedra de ScaldorOnde histórias criam vida. Descubra agora