Ato III: Treinamento - Capítulo 17

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Meu coração afundou.

— Davi? — indaguei. — Aquele era Davi?! Não... isso não é verdade...

Ele pareceu ofendido.

— Eu não minto. Agora, vou te poupar do sofrimento por algumas horas.

Ele esticou a mão para mim e comecei a sentir uma dor de cabeça e uma tontura. Minha visão ficou embaçada e eu apaguei.

Aquilo tudo me trouxe de volta à Terra. Senti que a ilusão da coragem havia sido desfeita. Eu não estava enganando ninguém. Eu era o mesmo garoto frágil de sempre num mundo que parecia poder me matar a qualquer instante. Era fácil não ter medo de uns bandidos que não podem te ferir. Fui facilmente enganado por mim mesmo.

	Acordei no meu quarto no dia seguinte

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Acordei no meu quarto no dia seguinte.

Lágrimas escorreram pelo meu rosto antes de eu me levantar. Se o que Klaus havia dito era verdade, Davi estava morto. Me questionei o que foi tudo aquilo. Por que ele quis me recrutar? Por que ele achava que um dia eu procuraria ele? O que fazia de mim especial? Mas nada disso ocupava minha mente tanto quanto a ideia de mais uma pessoa ser tirada de mim.

Não pude deixar de lembrar o que Thamires havia dito. Aquela era a vida. Aquele era o sacrifício. Não imaginei que passaria por isso tão cedo, mas minha vida não era um filme. As coisas dão errado, pessoas morrem. Não precisava fazer sentido.

Charlie não percebeu minha ausência, apenas perguntou que horas cheguei no quarto. Aparentemente, ele havia voltado para o quarto mais cedo, devido aos trovões, e dormido.

Resolvi contar o que havia acontecido para Charlie. Mesmo ainda tendo esperança de que Davi estava vivo, quis compartilhar com meu amigo.

— Eu não acredito... — Charlie sentou no chão do corredor do residencial, onde conversávamos. — Você passou por tudo isso ontem à noite?

— Vocês dois voltaram juntos? — indaguei.

— Não. Eu aproveitei as nuvens grossas pra treinar meu voo nelas, sem ninguém me ver. Davi ficou com seu sanduíche...

— Ele... esperou por mim?

Davi morreu por minha causa. Esse foi meu pensamento. O torturante pensamento que me acompanhou por anos.

— Vamos torcer para ele estar bem. Mas, se algo realmente tiver acontecido com ele, não foi sua culpa. — disse meu amigo, parecendo ler meus pensamentos. — Isso não é o tipo de coisa que é possível prever, então não se torture por conta disso. Você não fez nada de errado. — afirmou Charlie, tentando me animar.

Coincidiu de ser o dia que eu recebi uma mensagem pelo celular.

Benjamin Harrison Heartwell,

Esteja pronto hoje, na quadra de esportes, às 2100 horas.

Vá sozinho.

— Até que fim. — afirmei.

Benjamin Heartwell e a Pedra de ScaldorOnde histórias criam vida. Descubra agora