Capítulo 18

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 O ciclo: viver → ser sedado/nocauteado/morto → acordar em um local estranho já havia perdido a graça fazia muito tempo.

A luz incomodava meus olhos, mas a cama embaixo de mim estava confortável. Me espreguicei, esfregando meu rosto e esquecendo completamente que não sabia onde eu estava. Arregalei meus olhos e sentei. Frank sentava em uma mesinha perto da porta digitando em um notebook. Era uma sala de enfermaria, igual a que acordei depois da Exposição.

— É realmente necessário me drogar para me trazer para cá? — resmunguei. — Pensei que já havíamos passado dessa fase.

— Não se apresse, garoto. — respondeu ele, sem tirar os olhos do notebook à sua frente.

Balancei a cabeça e me coloquei de pé. Estralei algumas articulações enquanto me alongava.

— Desde quando Victoria faz parte do Avalon?

— Já tá aqui há cinco anos. É uma de nossas melhores estudantes, prestes a se formar. Thamires, sua mãe, tá há quase o dobro do tempo.

— Thamires é a mãe dela? Verdade, elas são ruivas.

— Bem perceptivo. — disse, ironicamente.

— Obrigado. Ela domina que?

— Gelo. Obviamente, não é mestre ainda, afinal só tem 18 anos, mas ela dá aulas para recém-chegados. Ensina alguns níveis iniciais da dominação do gelo. Além disso, é uma expert em combate corpo-a-corpo com uma variedade de armas.

— O que ela fazia lá no internato esse tempo todo? Além de mentir pra gente...

— Nós sempre mandamos alguém antes para estudar o cenário, preparar o terreno. Ver se tem alguém com potencial. Ninguém melhor para fazer isso do que ela.

Me recordei de todas as memórias que tinha dela e tive que trocar tudo de "aquela menina que eu tinha uma queda" para "aquela agente secreta que estava me espionando há meses que eu tinha uma queda". Não sei como isso me fez me sentir, mas não foi bem. Me senti envergonhado por ter acreditado nela e "salvado sua vida" no labirinto enquanto ela estava somente fingindo.

— E... Tony? Ele também é um agente? — questionei. Frank olhou para mim confuso.

— Quem é Tony?

— Deixe para lá. Como que raios ela perfurou minha pele com aquela agulha?

— Aquela agulha é feita de Antírio, que acontece de ser incrivelmente difícil de dominar. Antírio perfura e corta qualquer coisa, inclusive nossa pele. — aquilo era novidade para mim. Eu tinha um ponto fraco.

— Minha kryptonita. — comentei.

— Exatamente. — sinceramente, fiquei surpreso por ele ter entendido minha referência, e levado ela a sério. — Antírio e água. Se tu entrar no mar agora, seu corpo vai afundar como uma pedra por causa da densidade molecular do seu corpo. Mas isso você vai aprender melhor nas aulas.

— Poxa... sem mais piscinas?

— A menos que queira se afogar. — disse ele. — Tivemos que confiscar seu celular, não podemos ter ninguém tirando foto e postando nas redes sociais.

Apenas aceitei. O máximo que eu estava perdendo com isso era um joguinho e um par de selfies.

Frank digitou algumas coisas e, depois, olhou para seu relógio de pulso.

— Tá na hora de você ser interrogado por Lia Maiwett.

— A psíquica? — indaguei. — Ela não pode apenas ler minha mente e descobrir o que ela quiser?

Benjamin Heartwell e a Pedra de ScaldorOnde histórias criam vida. Descubra agora