O que vou contar agora é muito importante para a história. Foi quando conheci o Coringa do meu Batman, o Duende Verde do meu Homem-Aranha, o Tom do meu Jerry.
Foi, praticamente, vinte e quatro horas depois que deti os bandidos. Novamente, lá estava eu, andando pelas ruas de Cachoeira, a pequena cidade fora do internato. Fui andar sem nenhum motivo, apenas... queria chutar a bunda de outro assaltante, coisa simples. Não que aquele fosse um bairro muito perigoso, mas com a sorte que tive no dia anterior, esperei acontecer o mesmo. Só sei que estava muito entediante ficar no quarto sem fazer nada à espera de algo que parecia nunca chegar. Precisava fazer alguma coisa. Algo que ficasse a par com tudo o que houve até agora.
E eu consegui exatamente o que eu queria.
Charlie e Davi estavam comigo. Queriam conversar sobre o que eu fiz com Tony.
— Eu sei que foi imprudente e irresponsável. Não vou fazer de novo.
— Sim, mas, além disso, foi perigoso. — afirmou Davi. — Você poderia ter quebrado o braço dele. Sabe o que isso significa pra um jogador de basquete, né?
— Às vezes, eu esqueço que vocês dois também eram do time de basquete dele. — comentei.
— Ben. — dessa vez foi Charlie. — Eu sei que já falei que você deveria se impor e não deixar ele mexer com você, mas aquilo foi longe demais. Você é duzentas vezes mais forte que ele agora. Só não quero que você deixe suas emoções dominarem, okay?
— Okay, pai. — falei, sarcasticamente. Charlie me deu um soco no ombro. — Eu sei, eu sei. Entendi.
— Nossa equipe é muito boa e vejo que todos têm algum potencial diferente. Mas, de todos, vocês dois são os que sinto que mais posso contar de verdade quando as coisas ficarem difíceis. Por favor, Ben, sempre procure pensar a favor do bem mais do que contra o mal.
Aquela frase me fez pensar um pouco. Quando eu imaginava super heróis e agentes secretos, a primeira coisa que vinha à minha cabeça não era "salvar pessoas" e sim "derrotar vilões". Mas Davi me ajudou a olhar mais pelo outro lado.
— Ele é um líder em tanto, hein? — falei para Charlie. — Até os discursos são de outro nível.
— Demais. Parece o Capitão América. — concordou ele.
Davi dá um cascudo em cada um de nós, envergonhado.
— Calem a boca e vamos comer alguma coisa. Tô com fome.
— Vocês podem ir, eu vou dar uma caminhada por aí. Quero ficar sozinho um pouco.
— Se quiser, a gente compra um sanduíche pra você. — disse Davi.
— Pega o X-Tudo. Te pago depois.
— Você que manda, Ben.
Charlie e Davi entram na lanchonete na esquina enquanto eu continuo andando pela rua.
Há pouco tempo, havia chovido, e o asfalto acumulava várias poças de água. Podia ouvir o som de gotas caindo de algumas árvores e telhados. Eu caminhava, novamente com meu fone de ouvido, as mãos enfiadas no bolso do casaco.
Cerca de quarenta minutos depois, o poste que clareava o lugar onde eu estava piscou soltando algumas faíscas. Logo depois, desligou. Olhei para cima assustado e me preparei para socar qualquer coisa que aparecesse. Minha respiração acelerou enquanto olhava solitariamente para o poste apagado. Após alguns segundos, concluí que era apenas uma coincidência. Afinal, postes queimam. Nada de estranho.
Continuei andando já perdendo as esperanças de que algo de interessante aconteceria naquela noite. Ao chegar perto da esquina que levava à loja, fiz questão de olhar. O beco estava totalmente escuro, sem a luz das lâmpadas do mercadinho para iluminar a rua.
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Benjamin Heartwell e a Pedra de Scaldor
AventurePouco tempo após sua vida ter mudado ao ir para o internato, Benjamin Heartwell encontra um novo desafio quando uma organização secreta seleciona ele e alguns outros alunos para serem recrutados como super soldados. Junto com seu melhor amigo, Char...