Benjamin Heartwell e a Pedra de Scaldor

Capítulo 33

— Se abaixe, Ben! — gritou meu pai, logo antes do carro do Bruce ter o mesmo destino do nosso. Não pude deduzir o que havia causado aquilo, apenas era óbvio que o carro não prestava mais para nada.

Me escondi embaixo da janela.

— O que tá acontecendo? — indaguei.

— Estamos sob ataque. Me sigam.

— Bem atrás de você. — respondeu meu pai. — Venha, Ben.

Bruce, calmo como um cirurgião veterano recebendo um paciente na emergência, caminhou depressa para as escadas, mas antes de subir digitou uma senha no painel de alarme da residência. Imediatamente, ouvi várias trancas sendo trancadas ao redor da casa. Placas de aço começaram a descer nas janelas, bloqueando-as. Nós dois o seguimos escada acima onde entramos em seu quarto. Lá, a janela já estava protegida. Bruce trancou a porta atrás de nós e pulou em cima de sua cama. Em seguida, apoiou sua palma na parede e sua mão foi escaneada por um brilho azul, fazendo alguns móveis começarem a se mover.

Uma parte de uma das paredes começou a girar, engolindo o armário e revelando um arsenal de armas que nunca vi na vida. A mesinha de canto afundou no chão até sua metade. Atrás dele, havia pistolas e armamento. Bruce colocou um colete à prova de balas e pegou umas das metralhadoras, fazendo sinal para meu pai e eu fazermos o mesmo. Eu hesitei enquanto meu pai o fez rapidamente. Não gostava muito de armas, principalmente metralhadoras, e também não planejava matar ninguém. Então, peguei apenas uma pistola, só por desencargo de consciência.

Bruce ficou em modo de combate, olhando através da mira da sua arma apontada para a porta. Meu pai pegou uma arma automática menor e segurou em uma mão, deixando a outra livre e se voltou para a janela. Parecia acostumado com aquele estilo.

— Ben, fique de olho na janelinha do banheiro. — cochichou meu pai. — Muito cuidado.

Concordei com o coração acelerado, enquanto entrava no banheiro do quarto.

Apesar de ter passado por muita coisa, não vivenciei nada comparado ao que aqueles dois vivenciaram, e ficar ao lado de pessoas experientes como eles me fez me sentir um garoto comum de novo.

Ouvimos uma parede quebrando no andar debaixo. Dei um pulo de susto psicológico. Bruce segurou mais firmemente em sua arma e inclinou a cabeça para escutar melhor. Até eu pude ouvir que vários passos subiam lentamente as escadas.

Bruce olhou para nós dois e levantou três dedos. Depois abaixou um deles. Depois abaixou outro. Quando fechou a mão, meu pai abriu uma fresta da porta e ele deu dois tiros por ela. A contagem regressiva dele foi tão rápida que não percebi que era uma contagem regressiva. Meu pai abriu a porta mais um pouco, botou o braço pra fora e eletrocutou quem quer que estivesse no corredor. Ambos saíram atirando e lutando, enquanto eu permaneci no quarto com medo de atrapalhar. Logo, tudo ficou em silêncio. Bruce apareceu na porta do quarto e acenou para eu acompanhá-lo.

Ao sair do quarto me deparei com cinco corpos, sendo que dois deles estavam carbonizados. Havia dois cantos no chão que estava pegando fogo, um canto congelado e parte do teto havia cedido. Respirei fundo enquanto me esquivava para não pisar nos cadáveres. Meu pai estava encostado na parede ao lado da escada. Bruce entrou nos outros quartos procurando por mais alguém, mas não houve sinal. A casa não era muito grande. No andar de cima, havia apenas três quartos e no andar de baixo, a sala, a cozinha e um escritório com banheiro.

Bruce seguiu na frente, descendo as escadas. Eu fiquei atrás dele com meu pai vigiando a retaguarda. No andar debaixo, vimos que no lugar onde tinha a porta de entrada havia apenas um buraco. Vários escombros arruinando o ambiente, antes, agradável. Uma brisa entrava pelo rasgão na parede. Da cozinha, um homem apareceu repentinamente e deferiu três tiros em nossa direção. Puxei Bruce para trás e levei os tiros nas minhas costas em seu lugar. O amigo do meu pai reagiu rápido e revidou, matando o homem. Os tiros foram lasers roxos que perfuraram os inimigos e as paredes atrás deles.