Encontros

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Quando voltei para o hotel após a grande convenção em Washington, o cansaço já começava a pesar sobre os meus ombros. Entrei no quarto e, com um suspiro profundo, comecei a retirar o blazer, deixando-o cair sobre a cadeira ao lado da cama. O barulho da porta se abrindo com força me fez virar rapidamente, o coração batendo um pouco mais rápido, mas era apenas Saulo. Ele entrou no quarto com a mesma expressão séria de sempre, segurando um envelope preto nas mãos.

– Chegou há pouco tempo, senhora – disse ele, estendendo-me o envelope. – Não abri.

Peguei o envelope das mãos dele, notando o símbolo dourado na frente, reluzindo à luz suave do quarto. O material era luxuoso, o tipo de convite que se destacava até mesmo em meio ao ambiente político e social que eu frequentava. Senti uma curiosidade repentina, misturada com uma leve ansiedade. Que tipo de convite seria esse, entregue de forma tão discreta e urgente?

Com dedos ligeiramente trêmulos, deslizei pela aba do envelope, abrindo-o com cuidado. Lá dentro, havia um convite para um baile de gala de máscara naquela mesma noite. Os detalhes eram esculpidos em uma caligrafia requintada, quase teatral.

Enquanto lia, o ambiente do quarto parecia ficar um pouco mais silencioso, como se o convite carregasse consigo um ar de mistério e intriga. Olhei para Saulo, que permanecia impassível, mas havia algo em seus olhos que parecia questionar, talvez até desafiar, o que eu faria a seguir.

Um baile de gala de máscara... naquela mesma noite. As palavras reverberaram em minha mente enquanto tentava entender o que isso significava e, mais importante, quem poderia ter enviado um convite tão enigmático.

Olhei novamente para o convite, sentindo uma dúvida crescente. Deveria ir a esse baile de gala misterioso? O cansaço da convenção ainda pesava sobre mim, e a ideia de me enfiar em mais uma ocasião social não parecia exatamente atraente. Mas havia algo naquele convite, algo quase irresistível.

Respirei fundo, ainda ponderando as opções, antes de tomar minha decisão.

– Saulo, pode ir descansar – falei, mantendo o tom firme, mas amigável. – Não preciso de mais nada por hoje.

Ele assentiu, sem questionar, e saiu do quarto, deixando-me sozinha com meus pensamentos e o convite intrigante. Assim que a porta se fechou, deixei o envelope sobre a mesa e me dirigi ao banheiro. Um banho refrescante era exatamente o que eu precisava para clarear a mente.

Enquanto a água quente escorria pelo meu corpo, comecei a me preparar mentalmente. Talvez esse baile fosse a distração de que eu precisava, uma forma de sair um pouco do turbilhão político em que estava imersa.

Após o banho, fui até o guarda-roupa e escolhi um vestido longo e justo na cor preta. Era um vestido elegante, com detalhes de luxo que o tornavam perfeito para uma ocasião especial como essa. As linhas do tecido delineavam minhas curvas de forma sofisticada, sem exageros.

Ao me olhar no espelho, finalizei os toques finais, ajustando os detalhes do vestido. A dúvida ainda estava lá, mas agora, havia também uma sensação de excitação misturada com expectativa. Estava pronta para descobrir o que naquela noite reservava.

Coloquei a máscara diante do espelho, ajustando-a cuidadosamente sobre o rosto. O design era impecável, com detalhes intrincados em preto e dourado, criando uma aura de mistério e sofisticação. O toque de plumas no topo, combinando com as curvas graciosas dos adornos, completava o visual de maneira perfeita.

Ao olhar meu reflexo, meus olhos verdes brilhavam intensamente por trás da máscara. A máscara, embora luxuosa, parecia quase feita sob medida para destacar meu olhar. Havia um contraste fascinante entre o dourado dos detalhes e o verde profundo dos meus olhos, que agora se tornavam o ponto focal, chamando a atenção para cada movimento, cada expressão.

Aos olhos da naçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora