Aos olhos da nação

campo minado

Depois de três horas de sono conturbado, acordei com a luz da tarde se infiltrando pelas cortinas do quarto do hotel. O sol já estava alto, e a cidade de Miami parecia vibrar com a energia que sempre a caracterizou. Não havia muito tempo, e o grande comício estava cada vez mais perto.

Levantei-me da cama, sentindo o corpo ainda pesado de cansaço, mas a adrenalina começava a correr pelas minhas veias. Esse seria um dos eventos mais importantes da minha campanha, e eu precisava estar pronta. Figuras políticas influentes e a mídia estariam lá, observando cada detalhe, cada palavra minha. Eu sabia que não poderia falhar.

Fui direto para o banheiro, onde a água fria do chuveiro ajudou a despertar minha mente. Enquanto a água caía, mentalmente repassava meu discurso, lembrando-me dos pontos principais que precisavam ser abordados. Esse não seria apenas um comício; seria uma declaração da minha visão para o país.

Depois do banho, escolhi um terno escuro, elegante, que transmitisse a seriedade e a força que eu precisava demonstrar. Enquanto me vestia, ouvi a movimentação dos meus assessores no corredor, preparando tudo para o grande evento. Cada peça de roupa que colocava era como uma armadura, preparando-me para a batalha que estava por vir.

Passei uma maquiagem leve para disfarçar as marcas do cansaço, prendi o cabelo de maneira prática, mas ainda assim sofisticada, e coloquei meus sapatos. Olhei para o relógio, sentindo o tempo correr. 

Enquanto me preparava para sair, ouvi uma batida firme na porta. Antes que eu pudesse responder, a chefe de segurança, uma mulher alta e de postura impecável, entrou no quarto. Seu olhar era sério, mas profissional, e eu sabia que o que estava por vir exigia toda a atenção.

— Senhora Jauregui — ela começou, enquanto se aproximava, segurando um ponto de comunicação e um colete à prova de balas. — Com o nível de tensão e o número de pessoas esperadas no comício de hoje, precisamos garantir sua segurança em todos os momentos.

Ela me entregou o ponto de comunicação, que eu rapidamente coloquei no ouvido. A voz dela soava firme e controlada, explicando cada detalhe do plano de segurança.

— Estaremos com uma equipe de segurança completamente sincronizada, tanto no palco quanto entre a multidão. Teremos olheiros posicionados estrategicamente, além de unidades móveis prontos para intervir em caso de qualquer incidente. Eu mesma estarei monitorando sua segurança o tempo todo.

Eu peguei o colete à prova de balas, sentindo seu peso nas mãos antes de vesti-lo por baixo do terno. Não era a primeira vez que usava um, mas isso nunca deixava de me lembrar da seriedade da situação. Cada vez que colocava aquele colete, era um lembrete de que minha vida estava em risco, mas também de que eu estava disposta a enfrentar qualquer ameaça pelo que acreditava.

— É crucial que você siga as nossas instruções à risca, senhora Jauregui — ela continuou, enquanto eu ajustava o colete. — Se algo der errado, nossa prioridade será retirá-la do local com segurança. Em caso de emergência, sua rota de fuga será pela saída lateral, onde um carro estará à sua espera.

Eu assenti, absorvendo cada palavra. Confiei na equipe dela para me manter segura, mas sabia que, no final das contas, estar no meio de uma campanha presidencial significava estar sempre em perigo. Mesmo assim, eu não deixaria que isso me parasse.

— Entendido — respondi, ajustando o ponto de comunicação no ouvido. — Estou pronta.

Ela me olhou por um momento, avaliando, e então acenou com a cabeça.

— Boa sorte, senhora. Vamos garantir que você faça o que veio para fazer, e faça em segurança.

Com isso, ela saiu do quarto, deixando-me sozinha por um instante.