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Enquanto caminhávamos pela floresta dentro da cúpula, o ar úmido e o som das folhas farfalhando sob nossos pés criavam uma atmosfera de estranha serenidade. No entanto, a tensão não deixava de estar presente, alimentada pela incerteza da mensagem de socorro que nos trouxera até aqui.

- A mensagem de socorro que recebemos não foi muito específica, o que torna tudo ainda mais suspeito... - Comentou Dan Heng, mantendo o dispositivo de rastreamento em mãos e os olhos atentos à vegetação ao redor.

- Suspeito, mas fascinante. - Disse Sete de Março, observando as árvores ao nosso redor. - Quem enviou essa mensagem deve estar desesperado. E esse lugar... é diferente de tudo que eu já vi. Um ecossistema inteiro, preservado em uma lua esquecida? Como isso foi possível?

- Pode ter sido uma tecnologia antiga, deixada aqui por alguma civilização perdida... - Especulei, deixando minha mente vagar por possibilidades. - Ou talvez, algo mais sombrio. Algo que preferiu permanecer escondido.

- Isso só aumenta o mistério. - Acrescentou Dan Heng, sua voz firme e tranquila. - Precisamos ficar atentos.

Enquanto continuávamos a explorar, minha atenção começou a se desviar do nosso foco principal. Havia algo à minha direita, algo que parecia chamar por mim, quase imperceptivelmente. A vegetação parecia se abrir, formando um caminho estreito que eu não havia notado antes. Senti uma inexplicável atração para seguir aquela trilha.

- Vocês ouviram isso? - Murmurei antes de  perceber que o resto do grupo já estava um pouco à frente, concentrados em discutir as possíveis origens do sinal.

Sem pensar muito, segui o caminho estreito, me afastando de Dan Heng e Sete de Março. A floresta se tornou ainda mais densa e escura à medida que eu me aprofundava, mas a curiosidade era irresistível. Depois de alguns minutos de caminhada, a vegetação abriu-se para revelar algo impressionante: um templo velho e abandonado. As paredes de pedra estavam cobertas de musgo e trepadeiras, mas ainda era possível distinguir as inscrições e os entalhes que contavam uma história. Ao me aproximar das colunas desgastadas e das portas de madeira carcomida, percebi algo estranho as inscrições falavam de onze corações de pedra, e não de dez, como sempre ouvimos.
Cada coração tinha o nome de uma pedra diferente: Pearl,Sugilite, Agate,Topaz, Amber, Sapphire, Opal, Jade, Aventurine, Obsidian... e o último, o décimo primeiro, uma pedra chamada "Lágrima do Vazio". Este último estava no centro do templo, representado por um grande símbolo, quase apagado pelo tempo, mas ainda visível.

- Onze? - Sussurrei para mim mesmo, perplexo. - O que isso significa?

Passei os dedos sobre as inscrições, tentando entender o que aquilo significava. As histórias que nos contaram sempre mencionavam dez corações de pedra, mas aqui, em um templo esquecido, havia um décimo primeiro. E o nome dessa última pedra, "Lágrima do Vazio", carregava um peso que eu não conseguia ignorar.
Antes que eu pudesse explorar mais, um calafrio percorreu minha espinha. Algo estava errado. Eu estava sozinho, separado do grupo, e esse lugar, por mais fascinante que fosse, emanava uma sensação de perigo iminente. Olhei ao redor, percebendo o silêncio absoluto que agora dominava o ambiente. De repente, o som familiar da floresta parecia ter desaparecido, como se o templo estivesse em uma bolha de isolamento. Respirei fundo, tentando controlar a ansiedade que começava a crescer dentro de mim.

- Eu preciso voltar para os outros... - Eu murmurei, dando um passo para trás.

Mas algo me mantinha ali, uma sensação de que eu ainda não havia descoberto tudo. O que poderia ser tão importante a ponto de estar escondido aqui? E por que a história dos onze corações de pedra foi esquecida?
Antes que eu pudesse tomar uma decisão, um ruído suave, quase imperceptível, me fez virar a cabeça abruptamente. Algo estava se movendo na escuridão do templo, algo que não parecia ser apenas uma ilusão dos meus sentidos. Das sombras que cobriam o interior do templo, uma figura começou a emergir lentamente. Era como se a própria escuridão tomasse forma, solidificando-se em algo tangível e, ao mesmo tempo, etéreo. A figura era alta e esguia, com uma presença que emanava poder e mistério. Seus olhos brilhavam em um tom opalescente, como se contivessem o próprio vazio do espaço.
Eu recuei instintivamente sacando minha espada flamejante, sentindo uma estranha combinação de fascínio e medo. A figura, que parecia flutuar levemente sobre o chão coberto de musgo, inclinou a cabeça para o lado, me observando com um sorriso enigmático nos lábios.

O Garoto do Expresso Astral ( Honkai Starrail )Onde histórias criam vida. Descubra agora