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Fernando entrou na sala e se sentou á minha frente novamente:
- Tá, agora me explica - já era esperado que o garoto gostaria de saber no que eu o envolvi
- Eu só precisava de um motivo pra enrolar... - não queria dar a história completa, pelo menos por enquanto.
- Por?... - ele insiste
- Coisa minha.
- E por quê você me deixou falando sozinho com ele e foi embora?
- Precisava acertar umas coisas - tento dar um ponto final ao assunto
- Sei...
Não convencido, ele decide deixar o assunto de lado por enquanto. O professor já adentrava a sala nesse momento. Sem muito interesse, deito a cabeça na carteira e fecho os olhos...
♧◇♧
Enquanto me concentrava em alguns exercícios da penúltima matéria daquele dia, que era matemática, uma voz vinda de trás pareceu me chamar:- Ei, você entendeu o exercício 3?
Olhei para trás. Uma aluna de cabelos médios, pretos e ondulados, pele clara e olhos castanhos e pouco mais alta do que eu olhava pra mim de forma simpática, esperando por uma resposta
- Ahn, acho que sim...
- Você pode me explicar?
Imaginei que não faria mal explicar um exercício a alguém, e foi exatamente o que eu fiz. A menina entendeu rápido, sem dúvida era esperta.
- Muito obrigado! - a menina agradeceu - aliás, meu nome é Má, qual o seu?
- É Má também - afirmei dando um riso leve, mas genuíno
- Mais uma Mariana?! - minha nova colega se surpreendeu, apesar de ter errado meu nome
- Na verdade é Maria Luísa ...
- Ah tá! É que o meu é Mariana, e aquela ali é a outra Mariana - a garota apontou uma menina do outro lado da sala
Depois deste pequeno momento de descontração, voltei a me concentrar nos exercícios que o professor passara
♧◇♧
Disseram que eu teria aulas à tarde nas terças, quartas e quintas. Como hoje é segunda, não tenho nada pra fazer enquanto espero o horário do ônibus, a não ser almoçar e ler.
Tirei minha marmita da mochila e fui até a cozinha dos alunos. Coloquei-a no micro-ondas e teclei 45 segundos para esquentar minha comida.
Pela pequena janela da cozinha eu assistia os alunos que ainda restavam na escola indo aos poucos em direção à saída enquanto comia. Eventualmente, me cansei do barulho dos alunos e coloquei meus fones nos ouvidos. Conectei no meu celular e reproduzi minha playlist em modo aleatório.
"Duality - Slipknot" começava a tocar em volume razoavelmente alto em meus ouvidos, me distraindo da realidade.
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Uma mão gentil me acorda. Como sempre, é Fernando.- Ei, a aula já acabou...
- É intervalo? - pergunto, confuso
- Não, acabou a aula de hoje mesmo, vamos almoçar
- Quanto tempo eu dormi? - ainda tento entender o que aconteceu
- Desde às oito e meia, que é quando acabou a palestra.
Olho para o relógio, este marca quinze para uma. Me surpreendo por dentro, mas não expresso, apenas me levanto.
- Vamos então - finalmente concordo
Enquanto passávamos pelo corredor, aproveitei para espiar dentro da sala do primeiro ano 3. Como era de se esperar, todos os alunos já tinham ido embora, mas Thiago, um de nossos professores, ainda mexia no computador da sala.
Levemente desapontado por não encontrar minha mais nova obsessão, segui em frente, mas por pouco tempo. Ao pisar no primeiro degrau da escada, uma ideia surgiu em minha mente:
- Espera aí, já volto
- Onde você vai? - Fernando questionou, curioso como sempre
- Só espera aí
Antes que ele pudesse insistir, me virei e corri de volta até a sala onde acabara de ver o professor, que já arrumava suas coisas para ir embora.
- Boa tarde, Thi! Tudo bom? - forcei um bom humor que não tinha
- Boa tarde Caio, tudo bem sim, e com você?
- Eu to ótimo... será que você pode me ajudar com uma coisinha? - disse fazendo cara de coitado
- Claro, o que você precisa? - ele replicou de prontidão
- Você acabou de dar aula aqui, certo?
- Sim
- Sabe a aluna nova, de cabelo curto castanho escuro que tem uma franja enorme?
- Sei sim, o que tem ela?
- Será que você poderia me dizer o nome e sobrenome dela?
- Acho que não teria problema eu dizer... - o professor ficou levemente receoso, mas não hesitou - é Maria Luísa . não me lembro do sobrenome, deixa eu ver na lista de chamada
- Certo
Maria Luísa . Esse é o nome dela... Acho que eu nunca conheci uma Maria Luísa até hoje.
- Acabei de ver aqui, é Maria Luísa Ferraz - o professor trouxera-me de volta a realidade
- Certo, muito obrigado Thi!
Num passo rápido voltei para a escada onde Fernando ainda me esperava. Meus pensamentos ainda rodeavam o recém descoberto nome.
- O que você foi fazer? - como de costume, Fernando ficou muito curioso. Não o julgo, eu também ficaria se estivesse no lugar dele.
- Só precisava falar de um negócio com o Thiago...
- Sobre?
- Nada demais, deixa de enrolar e vamos comer
Mesmo incontente o garoto aceitou, saímos da escola e 2 quarteirões depois já estávamos na casa dele, lugar no qual eu passo mais tempo do que na minha própria casa.
♧◇♧
Minha atenção se distrai da leitura por pouco tempo ao ouvir a porta se abrir, mas tento ignorar e manter meus olhos no livro. Quando a curiosidade vence a concentração, ergo o olhar para enxergar uma figura encapuzada e de costas, procurando um livro em meio aos tantos que estão na prateleira da parede. Esta não revela absolutamente nenhum pedaço de pele ou cabelo, deixando me curiosa, mas a timidez não me permite nenhuma interação
Depois de procurar sem muita determinação, a figura olha algo em seu celular e sai, me deixando novamente sozinha com meu livro.
Não sei se essa calmaria era exclusiva do primeiro dia de aula, mas numa escola tão grande quanto aquela, era estranho que eu fosse a única aluna na sala de estudos exceto por uma única pessoa que não passou nem 5 minutos lá.
Deixei os pensamentos de lado, chequei o relógio do meu celular rapidamente para constatar que ainda faltavam 2 horas pro meu ônibus, então continuei minha leitura.
Não fui mais interrompida nem vi o tempo passar. Quando me dei conta, já eram cinco horas da tarde e eu decidi fechar meu livro, guardar minhas coisas e ir pro ponto de ônibus. Como esperado, meu ônibus chegou às cinco e meia, e eu fui pra casa...
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Ass: Anônimo
RomantizmDois adolescentes de origem humilde frequentam uma escola elitista, onde enfrentam a dificuldade de se enturmar. A principal diferença entre eles? Ela é uma estudante comum; ele, por outro lado, sofre de uma obsessão doentia. Desde o primeiro contat...