CAPÍTULO 8

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Marina Soarez Medina's point of view

Os dias seguintes à chegada de Gabriel foram uma mistura de redescoberta e de pequenas felicidades que haviam sido esquecidas em meio à correria da vida. Com ele finalmente em casa, uma nova rotina começou a se formar — uma rotina onde a presença dele era constante, e o tempo em família era prioridade.

Acordávamos juntos, algo que eu não experimentava há muito tempo. Gabriel, sempre um pouco antes de todos, preparava o café da manhã. O cheiro de café fresco e pão quentinho enchia a casa, e eu me sentia grata por essas pequenas mudanças que traziam tanto calor ao nosso dia.

— Bom dia, dorminhoca — ele dizia, com um sorriso suave, enquanto eu me aproximava da cozinha.

— Bom dia — respondia, deixando-me envolver pelo abraço matinal dele.

Helena e Cecília logo se juntavam a nós, animadas para começar o dia com os pais. Tomávamos café juntos, conversando sobre os planos do dia e ouvindo as histórias das meninas sobre a escola. Era um ritmo tranquilo, sem pressa, onde cada momento parecia ser saboreado.

Depois do café, Gabriel e eu nos revezávamos em levar as meninas para a escola. Ver as duas correndo pelo pátio, acenando para nós antes de desaparecerem entre os amigos, me fazia perceber o quanto elas estavam crescendo. Gabriel sempre se demorava um pouco mais nos acenos, como se quisesse gravar cada segundo na memória.

Quando as meninas estavam na escola, Gabriel se dedicava a pequenos projetos em casa. Ele sempre gostou de consertar coisas e, durante a ausência, acumulou uma lista de reparos e melhorias. As ferramentas eram novamente suas companheiras, e ele parecia em paz, como se estivesse redescobrindo o prazer nas tarefas simples.

Eu, por outro lado, ainda me dedicava à marca, mas com a tranquilidade de saber que Gabriel estava por perto. Nos intervalos do trabalho, eu o encontrava no jardim, sujo de terra ou com um pincel na mão, e trocávamos risadas sobre como ele estava transformando a casa.

— Nunca pensei que te veria assim, todo cheio de tinta — eu disse, observando-o enquanto pintava a cerca do jardim.

— Quem diria, hein? — ele respondeu, com um sorriso despreocupado. — Mas sabe, é bom estar fazendo essas coisas. Faz eu me sentir mais... conectado com tudo isso.

As tardes eram reservadas para nós quatro. Depois de buscar as meninas na escola, íamos ao parque, ou simplesmente ficávamos em casa brincando com elas. As risadas de Helena e Cecília enchiam a casa, e eu podia ver nos olhos de Gabriel o quanto ele estava feliz em estar ali, participando da infância das filhas.

Um dia, decidimos fazer um piquenique na praia. O céu estava limpo, e o sol brilhava forte. Helena e Cecília correram pela areia, construindo castelos e deixando que as ondas pequenas lavassem seus pés. Gabriel e eu montamos a toalha e as comidas, observando-as enquanto conversávamos.

— Isso aqui é perfeito — ele disse, olhando para o horizonte.

— Sim, é — concordei, sentindo o calor do sol e o conforto de estar ali com ele.

O tempo parecia passar devagar, como se estivéssemos numa bolha onde só existiam nós quatro. Gabriel brincava com as meninas, ajudando-as a construir o maior castelo de areia que já tinham feito. Eu os observava, sentindo uma paz que há muito tempo não sentia.

Quando o sol começou a se pôr, pintando o céu com tons de laranja e rosa, Helena se deitou ao meu lado, cansada, mas feliz. Cecília se aninhou no colo de Gabriel, que estava sentado ao meu lado, e ficamos todos ali, observando o mar e as cores do crepúsculo.

— Estou tão feliz que você está em casa, papai — disse Helena, com um sorriso sonolento.

— Eu também, meu amor — Gabriel respondeu, apertando-a de leve. — E vou ficar por um bom tempo.

Voltamos para casa com os corações leves e a promessa de mais dias assim, simples e cheios de amor. A presença de Gabriel trouxe uma nova vida à nossa rotina, e eu sabia que esses momentos seriam o alicerce para tudo o que construiríamos juntos.

Enquanto colocávamos as meninas para dormir, eu senti uma profunda gratidão. Os dias agora tinham um brilho diferente, e a certeza de que estávamos no caminho certo me dava uma paz que há muito tempo eu não sentia. Ao deitar-me ao lado de Gabriel naquela noite, sabia que, finalmente, estávamos onde deveríamos estar: juntos, como uma família.

VEJO VOCÊS NO PRÓXIMO CAPÍTULO!

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