Marina Soarez Medina's point of view
Estava sentada no meu escritório, tentando focar em algumas ideias para a nova coleção. Mas, em vez de me concentrar nas telas do computador, meu olhar se perdia pela janela de vidro que dava para o quintal. Lá fora, Gabriel estava brincando com as meninas e nossos cachorros. Helena corria de um lado para o outro, com Cecília logo atrás, enquanto Gabriel as seguia, rindo. Os cachorros, em sua empolgação, corriam ao redor, fazendo uma bagunça adorável.
Era uma cena simples, quase cotidiana, mas eu não conseguia desviar o olhar. Fazia tanto tempo que não via Gabriel tão presente, tão entregue àquele momento. Nos últimos dias, ele vinha se esforçando de formas que eu não imaginava que faria. Coisas pequenas, mas que significavam muito. Ele ajudava com as meninas, participava das tarefas de casa, e estava sempre atento ao meu humor, ao meu cansaço. Eu sabia que ele estava tentando, e isso me tocava profundamente.
Mas ainda assim, algo dentro de mim hesitava.
— No que você tanto pensa, hein? — Adriana perguntou, interrompendo meus pensamentos. Ela estava sentada do outro lado do escritório, revisando alguns papéis, mas claramente havia notado minha distração.
— Ah, não sei... — suspirei, hesitante. — É sobre o Gabriel. Ele está se esforçando, sabe? Fazendo todas essas coisas que ele perdeu nesses meses longe. E, eu vejo isso, sinto isso. Mas ao mesmo tempo, ainda tenho medo, Dri. Medo de que, no fundo, nada tenha mudado de verdade. Que seja só uma fase e, quando ele se sentir mais seguro, tudo volte ao que era antes.
Adriana fechou o notebook e olhou para mim com aquele olhar compreensivo que só ela sabia dar.
— Eu entendo o que você está sentindo, Mari. Mas não acho que seja só uma fase. Gabriel desistiu de um sonho por vocês. Não é uma decisão que alguém toma sem pensar, sem sentir que é a coisa certa a fazer.
— Eu sei, Dri. E isso significa muito para mim, de verdade. Mas é difícil ignorar as feridas, sabe? — abaixei o olhar, mexendo em um pedaço de papel sobre a mesa. — Foram anos de idas e vindas, de ausência... Não sei se consigo confiar completamente que isso vai mudar.
Adriana se levantou e veio até minha mesa, pousando a mão no meu ombro.
— Você tem todo o direito de se sentir assim. Mas também acho que precisa dar a ele, e a si mesma, uma chance de recomeçar. Não vai ser fácil, não vai ser de uma hora para outra. Mas se tem algo que eu acredito é que vocês dois têm um amor forte, algo que vale a pena lutar.
Ela apertou levemente meu ombro antes de soltar, me incentivando a olhar para o quintal de novo.
— Olha só, Mari... Olha como ele está lá fora, presente, feliz. Ele está tentando, e isso já é um grande passo. Talvez, com o tempo, você possa deixar essas feridas começarem a cicatrizar. Não por ele, mas por você. E, claro, pelas meninas.
Eu assenti, absorvendo suas palavras. Adriana tinha razão. Gabriel estava tentando, e talvez eu precisasse parar de me agarrar tanto ao medo de que as coisas não funcionassem. Eu queria que funcionasse, queria acreditar que poderíamos ser aquela família que eu sempre sonhei.
Adriana olhou para mim por um momento, como se considerasse o que dizer em seguida.
— Sabe, Mari, você poderia aproveitar esse momento para se juntar a eles — sugeriu com um sorriso encorajador. — Vai lá fora, esteja com eles. Vocês precisam desses momentos juntos, mais do que nunca.
Eu hesitei, minhas mãos ainda segurando um pedaço de papel sem propósito. Não era fácil deixar de lado os receios e simplesmente me entregar ao momento.
— Eu não sei, Dri. E se eu acabar estragando o momento? — murmurei, a incerteza ecoando na minha voz.
Adriana sorriu com gentileza e balançou a cabeça.
— Você não vai estragar nada. Eles querem você lá, Mari. Gabriel está tentando, e as meninas precisam ver que vocês dois estão juntos nisso. Vai ser bom para todos vocês.
Eu suspirei, sentindo o peso das palavras dela. Ela estava certa, eu sabia disso. Se quiséssemos recomeçar, esses pequenos momentos juntos eram essenciais. Era nesses momentos que as feridas começariam a cicatrizar.
— Tem razão, Adriana — concordei, finalmente colocando o papel de lado. — Acho que preciso mesmo ir lá.
— Vai sim, amiga. Aproveita o tempo com eles — incentivou Adriana, dando-me um leve empurrãozinho metafórico com seu olhar.
Levantei-me, ainda hesitante, mas determinada. Caminhei até a porta de vidro e a abri lentamente, o som das risadas de Helena e Cecília se tornando mais claro conforme me aproximei. Gabriel olhou para mim e sorriu, um sorriso cheio de esperança e alívio.
— Oi, amor. Quer se juntar a nós? — Ele perguntou, estendendo a mão para mim.
Eu sorri de volta, sentindo meu coração se aquecer um pouco mais. Peguei sua mão e me abaixei ao lado dele, sentindo o toque suave da grama sob meus dedos. As meninas imediatamente correram para mim, abraçando-me com a mesma energia que haviam demonstrado com o pai.
Enquanto nos acomodávamos ali, no quintal, com o sol começando a se pôr, percebi que esse era o primeiro passo para algo novo. Um passo tímido, talvez, mas necessário. Estar juntos, em momentos simples como aquele, poderia ser a chave para reconstruirmos o que havia se perdido.
E pela primeira vez em muito tempo, senti que talvez, só talvez, tudo pudesse ficar bem.
VEJO VOCÊS NO PRÓXIMO CAPÍTULO!
Vi muita gente confusa nos últimos capítulos, por Gabriel ter decidido deixar a competição, eu pensei que tinha deixado bem explícito, que antes o Gabriel não tinha algo além do surfe, o surfe era a vida dele, e continua sendo. Mas agora tem as filhas, tem a Marina, tem todo um casamento de cinco anos, por isso ele percebe que não vale a pene perder a infância das filhas, o relacionamento com a Marina pelo surfe, que ainda faz parte dele. Ele não vai parar totalmente, só vai dar mais prioridade para a família.
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Our Waves - Gabriel Medina
Fanfiction2° TEMPORADA DE ON YOUR WAVE. RECOMENDO QUE LEIA ANTES! Helena, agora uma promessa emergente no surfe competitivo, continua a trilhar seu caminho nas ondas, enquanto sua família lida com os desafios e mudanças que vêm com essa nova fase. Gabriel, t...