CAPÍTULO 28

150 16 6
                                    

Marina Soarez Medina's point of view

As coisas no Instituto Medina estavam indo melhor do que poderíamos imaginar. A cada fim de semana, mais crianças chegavam, ansiosas para aprender a surfar e fazer parte desse projeto que Gabriel e eu estávamos construindo com tanto carinho. Era incrível ver como o surfe podia transformar a vida delas, oferecendo não só diversão, mas também disciplina, autoestima e novas amizades.

Eu sempre ficava emocionada ao observar o Gabriel com essas crianças, especialmente Marcello, que agora já era praticamente parte da família. O jeito que ele se dedicava, a paciência com cada um deles... Era como se Gabriel estivesse encontrando um novo propósito, algo que ia além das competições e dos troféus. Ele estava formando a próxima geração de surfistas, mas, mais importante que isso, estava dando a essas crianças a chance de sonhar.

No entanto, enquanto o instituto florescia, eu notava que algo estava mudando em Helena. Ela, que sempre foi uma criança alegre e extrovertida, parecia um pouco distante ultimamente. No início, achei que era só cansaço ou algo passageiro, mas, com o passar dos dias, ficou claro que havia algo mais. Ela estava se enturmando com as outras crianças, mas havia algo diferente no olhar dela, uma insegurança que eu não conseguia ignorar.

Foi numa noite, enquanto eu a colocava para dormir, que finalmente consegui entender o que estava acontecendo.

— Mamãe, posso te perguntar uma coisa? — ela disse, com a voz baixinha, como se tivesse medo da resposta.

— Claro, meu amor. O que foi?

Ela hesitou por um momento, os olhos grandes e curiosos me observando, buscando conforto antes de falar.

— Você acha que o papai gosta mais das outras crianças do que de mim?

Aquilo me pegou de surpresa. Meu coração apertou. Como Helena poderia pensar isso?

— Meu amor, por que você está dizendo isso? — perguntei, suavemente, acariciando seus cachos.

— É que... ele passa tanto tempo com elas... E com o Marcello... — Ela mordeu o lábio. — Às vezes parece que ele gosta mais de estar com eles do que comigo.

Eu respirei fundo, tentando escolher as palavras certas. Sabia que Gabriel estava fazendo o melhor que podia, e que ele jamais deixaria de amar Helena. Mas, aos olhos de uma criança, tudo podia parecer diferente.

— Helena, escuta aqui, meu amor — comecei. — O papai ama você mais do que qualquer coisa no mundo. O fato de ele passar tempo ensinando outras crianças a surfar não muda isso nem um pouquinho. Ele está ajudando essas crianças porque quer que elas também sintam a alegria de surfar, como você sente. Mas nada, e eu digo NADA, pode tirar o lugar especial que você tem no coração dele.

Ela parecia ouvir, mas ainda havia uma dúvida em seus olhos. Era o momento de Gabriel entrar nessa conversa também.

Na manhã seguinte, Gabriel e eu sentamos com Helena para conversar de uma forma que ela pudesse entender, de coração para coração.

— Filha — começou Gabriel, se abaixando até ficar na altura dos olhos dela —, eu amo ensinar essas crianças a surfar, e amo que você faça parte disso comigo. Mas nada nesse mundo é mais importante pra mim do que você e a sua irmã. Vocês são a razão pela qual eu faço tudo isso. Quero que você sempre saiba disso.

Helena olhou para nós, ainda um pouco séria, mas pude ver que algo em suas feições se suavizou. Ela balançou a cabeça lentamente, absorvendo cada palavra. Gabriel a puxou para um abraço apertado, e eu me juntei a eles, envolvendo-a com o nosso amor, deixando claro que, não importa o que aconteça, nossa conexão como família estava acima de tudo.

— Vocês são os melhores pais do mundo — ela disse baixinho, com um sorriso tímido, e senti uma onda de alívio e gratidão.

Aquela conversa foi necessária. Crianças têm uma sensibilidade única, e às vezes suas inseguranças são fruto de coisas que nós, como pais, nem sempre percebemos de imediato. Mas, com amor e paciência, conseguimos mostrar a Helena que, mesmo em meio a tantos novos projetos, ela sempre será nossa prioridade.

E assim, com o coração mais leve, seguimos adiante, continuando nosso trabalho no Instituto Medina, certos de que, apesar dos desafios que possam surgir, nossa família sempre será nossa base e nossa maior conquista.

VEJO VOCÊS NO PRÓXIMO CAPÍTULO!

Que saudade eu tava de postar aqui!

Eu expliquei no Instagram (@/soare.zmarina), eu precisava de um tempo essa semana para ajudar minha mãe, que sofreu um acidente de trânsito.

Um caminhão entrou na pista errada, e bateu de frente na van da fábrica da minha mãe. Graças a Deus, todos estão vivos, minha mãe ficou com uns ralados, e vários galos na cabeça. Já a motorista da van, chefe e amiga da mãe, fraturou e quebrou os dois joelhos, fraturou uma das mãos, e tá internada ainda, mas consciente.

O ritmo de atualizações vai ser mais lento, e peço compreensão de vocês, leitores.

Obrigada.

Our Waves - Gabriel MedinaOnde histórias criam vida. Descubra agora