CAPÍTULO 10

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Marina Soarez Medina's point of view

Os dias com Gabriel em casa foram tudo o que eu poderia ter desejado. Estávamos finalmente juntos, como uma família, e a presença dele trouxe uma leveza que há muito tempo eu não sentia. As meninas estavam mais felizes do que nunca, e eu me pegava sorrindo sem motivo, apenas grata por esses momentos simples e preciosos.

Mas, como sempre, a realidade começou a se aproximar. Eu sabia que esses dias maravilhosos tinham um prazo de validade. Gabriel precisava voltar para as competições, e dessa vez, a ausência dele seria ainda mais longa. As próximas etapas estavam muito próximas umas das outras, o que significava que ele ficaria mais de um mês longe de casa.

Eu tentei não pensar nisso, aproveitando cada segundo ao lado dele. Mas, com o passar dos dias, a despedida iminente se tornou uma sombra que pairava sobre nós. E, finalmente, o dia chegou.

Era uma manhã cinzenta, quase como se o tempo refletisse a tristeza que eu sentia por dentro. Gabriel estava no quarto, arrumando a mala enquanto as meninas corriam pela casa, ainda alheias ao que estava por vir. Eu me encostei na porta, observando-o com o coração apertado.

— Está tudo bem? — ele perguntou, notando meu olhar.

— Sim — menti, forçando um sorriso. — Só não quero que você vá.

Ele se aproximou, segurando minhas mãos, e eu pude ver a luta interna nos olhos dele. Ele amava o que fazia, mas sabia o quanto isso nos custava. Mesmo com as dificuldades que enfrentávamos, Gabriel nunca deixou de ser carinhoso comigo. Ele acariciou meu rosto suavemente, e eu senti a ternura em seu toque, como se estivesse tentando me confortar da única forma que sabia.

— Eu volto logo, Marina. Prometo.

Eu assenti, mas as palavras dele não aliviaram a dor que crescia no meu peito. Sabia que ele estava tentando me confortar, mas a verdade era que cada despedida parecia mais difícil que a anterior.

Quando ele finalmente fechou a mala, as meninas perceberam o que estava acontecendo. Helena, sempre mais perceptiva, foi a primeira a se aproximar.

— Papai, você já vai? — ela perguntou, a voz pequena.

Gabriel se ajoelhou na frente dela, segurando suas mãos.

— Sim, querida. Tenho que viajar para as próximas competições.

Helena abaixou o olhar, tentando esconder a decepção. Eu vi a luta interna em seus olhos, querendo ser forte, mas incapaz de segurar a tristeza.

— Mamãe sempre está aqui, mas às vezes eu queria que você estivesse também. Eu sinto sua falta quando você viaja.

Essas palavras atingiram Gabriel com força, e eu vi a dor passar pelo rosto dele. Ele puxou Helena para um abraço apertado, tentando transmitir todo o amor que sentia.

— Eu também sinto sua falta, minha pequena. Todos os dias.

Cecília, que estava ao meu lado, finalmente percebeu o que estava acontecendo e correu até Gabriel, agarrando-se a ele com força.

— Quando você volta, papai? Eu quero brincar com você.

Gabriel olhou para ela, tentando manter a voz firme.

— Eu vou voltar assim que puder, meu amor. E quando eu voltar, vamos brincar o dia inteiro, prometo.

As lágrimas começaram a rolar silenciosamente pelo meu rosto enquanto observava a cena. Ver minhas filhas tão frágeis, tão dependentes da presença do pai, me partia o coração. Elas ainda eram tão pequenas para entender o peso dessas despedidas, mas sentiam a ausência dele de uma forma que eu sabia que deixaria marcas.

Finalmente, Gabriel se levantou, com Helena e Cecília agarradas a ele. Ele olhou para mim, e por um momento, não havia necessidade de palavras. Sabíamos o que aquele olhar significava — amor, dor, e a eterna promessa de que, por mais que ele precisasse partir, ele sempre voltaria.

Acompanhei-os até a porta, com o coração pesado. As meninas continuavam ao lado dele, e quando ele finalmente se despediu, senti como se uma parte de mim estivesse sendo arrancada. Mas, mesmo assim, Gabriel ainda encontrou um momento para me dar um abraço apertado, beijando minha testa e sussurrando:

— Eu amo vocês. Vai dar tudo certo.

Fechei a porta atrás dele, as palavras ainda ecoando na minha mente. As meninas ficaram em silêncio, abraçadas a mim, e eu sabia que, mais uma vez, precisaríamos ser fortes. O tempo passaria, como sempre passava, e Gabriel voltaria. Mas até lá, precisaríamos aprender a lidar com a ausência dele mais uma vez.

VEJO VOCÊS NO PRÓXIMO CAPÍTULO!

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Our Waves - Gabriel MedinaOnde histórias criam vida. Descubra agora