Gabriel Medina's point of view
Ver a alegria estampada no rosto da Helena naquele dia foi um alívio para mim. Eu sabia que ela estava passando por algo difícil, e, como pai, me doía não ter percebido antes. Às vezes, é fácil se perder no meio de tantas responsabilidades, principalmente agora que o Instituto Medina estava tomando forma e crescendo a cada semana. Mas nada justificava a sensação de estar ausente da vida das minhas filhas, especialmente da Helena, que, com seu jeito tranquilo, sempre guardava as coisas para si.
Na semana seguinte, as coisas continuaram movimentadas no Instituto. O número de crianças estava crescendo, e as aulas de surfe que antes eram para Helena e Marcello, agora tinham uma pequena turma. Era incrível ver o impacto que esse projeto estava tendo na comunidade. Muitas crianças, como Marcello, não tinham acesso ao esporte, e agora, estavam descobrindo o amor pelo mar.
Era uma sensação incrível estar fazendo a diferença na vida delas, mas ao mesmo tempo, havia aquele pequeno nó no meu estômago. Eu sabia que Helena estava se adaptando à ideia de dividir o tempo que antes era só dela com tantas outras crianças. E, mesmo que eu tentasse dar atenção individual a ela, eu via nos olhos dela que o ciúme ainda estava ali.
Eu e Marina tentávamos lidar com isso da melhor maneira possível. Ela sempre foi mais direta, pronta para resolver as coisas na hora. E, enquanto ela tentava explicar para Helena que nada mudaria o amor que sentíamos por ela, eu tentava ser mais suave, mostrando, através de pequenas ações, que ela sempre teria seu espaço. Sabia que com o tempo, isso passaria, mas era difícil para uma menina de seis anos entender que o coração dos pais tem espaço para todos.
Certa manhã, enquanto preparava o café, Marina veio até a cozinha. Ela estava com Cecília no colo, e me olhou daquele jeito que só ela sabe, meio brincalhona, meio preocupada.
— Sabe, Gab... Estive pensando — ela começou, enquanto Cecília esticava as mãozinhas para mim, querendo vir para o meu colo. — Talvez a gente devesse fazer mais dias como aquele com Helena. Não só para ela, mas também para nós.
Eu peguei Cecília no colo, que logo encostou a cabecinha no meu ombro, e suspirei. Marina estava certa, como sempre.
— Eu sei, Mari. Aquele dia foi importante, não só para Helena, mas para a gente também. Com o Instituto crescendo, é fácil esquecer de tirar um tempo só para nós. Mas eu não quero que isso aconteça. A família vem em primeiro lugar, sempre.
Marina sorriu, aquele sorriso que sempre me fazia sentir que tudo ficaria bem. Nós tínhamos passado por tanta coisa juntos, e, mesmo com as dificuldades, conseguíamos encontrar um jeito de manter nossa família unida.
— Vamos tirar um final de semana para nós quatro — continuei. — Sem instituto, sem compromissos. Só nós, a praia, e as meninas.
— Fechado! — ela respondeu, me dando um beijo rápido antes de pegar uma xícara de café. — Mas só se você prometer que vai desligar o celular.
Ri, sabendo que ela estava certa. Eu tinha me envolvido tanto no Instituto que às vezes esquecia de dar uma pausa. O celular estava sempre apitando com mensagens de pais, de crianças interessadas, de patrocinadores querendo ajudar. Era incrível ver o apoio que estávamos recebendo, mas também sabia que precisava equilibrar isso com minha vida em casa.
Naquela tarde, enquanto organizávamos mais uma aula no Instituto, vi Helena brincando na areia com Marcello e algumas das outras crianças. Ela estava rindo, finalmente parecia mais à vontade, o que me deu um alívio. No entanto, eu sabia que ela ainda estava se ajustando a toda essa nova dinâmica.
Pedro Scooby, meu amigo de longa data, apareceu no Instituto com seus filhos. Eles adoravam surfar, e eu sempre gostava de ter o Scooby por perto. Ele era uma das poucas pessoas que realmente entendiam a mistura de adrenalina e calmaria que o mar trazia para a vida.
— E aí, irmão! — ele me cumprimentou, com aquele jeito descontraído de sempre. — Como está indo o projeto?
— Vai bem, Scooby. Melhor do que eu imaginava, para ser sincero — respondi, observando as crianças correndo pela praia. — Tem sido uma experiência incrível, ver essas crianças descobrindo o surfe, especialmente aquelas que, como Marcello, não teriam acesso a isso de outra forma.
— É, cara, dá para ver que você está no lugar certo — Scooby comentou, observando a cena ao redor. — Mas e a Helena, como ela está lidando com tudo isso?
Eu suspirei, pensando em como explicar.
— Ela está se adaptando, aos poucos. Acho que o ciúme é natural, né? Ela estava acostumada a ser o centro das atenções, e agora tem que dividir isso com tantas outras crianças. Mas estamos tentando fazer o possível para que ela não se sinta deixada de lado.
— Vai dar tudo certo, irmão. Essas coisas demoram, mas no fim das contas, ela vai entender que o coração dos pais é grande o suficiente para todo mundo.
Eu sabia que ele tinha razão, mas ainda assim, era difícil ver Helena lutando contra esses sentimentos. No fundo, eu só queria que ela soubesse o quanto a amávamos, e que nada no mundo mudaria isso.
Mais tarde, depois que todas as crianças foram embora e o Instituto estava vazio, sentei-me na beira da praia, observando o pôr do sol. Marina estava com as meninas, e eu aproveitei aquele momento de paz para refletir sobre tudo.
O Instituto era um sonho que estava se realizando, mas eu sabia que o verdadeiro desafio não era apenas ensinar as crianças a surfar, mas equilibrar minha vida entre o projeto e minha família. E, olhando para o horizonte, prometi a mim mesmo que faria tudo que fosse necessário para garantir que nenhum deles se sentisse negligenciado. Porque, no fim das contas, o que mais importava eram aqueles momentos simples, como aquele dia na praia com Helena e Cecília, onde éramos apenas nós, sem distrações, sem pressões — apenas uma família, aproveitando o que a vida tinha de melhor a oferecer.
VEJO VOCÊS NO PRÓXIMO CAPÍTULO!
Ai gente 😫 eu adoro a amizade entre o Gabriel e o Scooby!
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Our Waves - Gabriel Medina
Fanfic2° TEMPORADA DE ON YOUR WAVE. RECOMENDO QUE LEIA ANTES! Helena, agora uma promessa emergente no surfe competitivo, continua a trilhar seu caminho nas ondas, enquanto sua família lida com os desafios e mudanças que vêm com essa nova fase. Gabriel, t...