CAPÍTULO 31

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Marina Soarez Medina's point of view

Nos últimos meses, Marcello se tornou parte da nossa família. Ele estava sempre por perto, tímido e grato, quase como se tivesse medo de ser um incômodo, o que partia meu coração. Helena adorava ter companhia, mas eu sabia que, por trás de todo aquele entrosamento, havia mais na vida do garoto do que ele deixava transparecer.

Uma tarde, enquanto eu dobrava as roupas na sala e Gabriel estava na praia com as crianças, Marcello me contou mais sobre sua família. Não foi de uma vez, foi surgindo aos poucos, nas entrelinhas das conversas despretensiosas. Ele mencionou que tinha quatro irmãos mais novos. Isso me pegou de surpresa. Eu sabia que ele vinha de uma situação difícil, mas não imaginava que a responsabilidade em casa era tão grande para uma criança de apenas 7 anos.

— Minha mãe fica cansada, sabe? — ele comentou baixinho, enquanto brincava com a barra da camisa. — Ela trabalha muito, e meus irmãos... às vezes eu tenho que ajudar a cuidar deles.

Eu parei de dobrar a roupa e me sentei ao lado dele, tentando processar o que estava ouvindo. O menino diante de mim, que parecia tão leve quando estava com Gabriel e Helena, carregava um peso enorme em casa.

— E o seu pai? — perguntei, tentando ser delicada.

— Eu não conheço meu pai — ele respondeu, sem hesitar. — Minha mãe cuida de tudo sozinha.

Essa informação ficou comigo, ressoando no fundo da minha mente. Eu sabia como era crescer sem uma presença paterna, e ouvir isso me fez lembrar das minhas próprias dores de infância. A mãe de Marcello estava sobrecarregada, e ele, tão pequeno, já tinha assumido a função de irmão mais velho e, muitas vezes, de uma figura quase paterna para seus irmãos.

— Deve ser difícil pra sua mãe, não é? — eu perguntei, tentando puxar mais detalhes sem pressionar demais.

— Ela não tem tempo pra descansar — ele disse, balançando a cabeça. — E às vezes eu queria que ela pudesse brincar com a gente... como vocês fazem.

Essas palavras me atingiram como uma facada no peito. A ideia de que Marcello tinha uma visão tão clara da realidade difícil em que vivia e ainda assim era tão grato por momentos simples comigo, Gabriel e as crianças, mexeu profundamente comigo.

Naquela noite, depois que todos estavam em casa, chamei Gabriel para conversar. Ele, sempre tão atento às necessidades dos outros, já parecia ter percebido a situação.

— Eu sabia que a vida dele era complicada, mas não imaginava que ele tinha quatro irmãos mais novos — disse Gabriel, pensativo.

— Eu quero conhecer a mãe dele, Gabriel. Quero ver como podemos ajudar — eu disse, já decidida.

Gabriel me olhou com aquele brilho nos olhos, o mesmo que tinha quando falava do Instituto. Sabíamos que podíamos fazer algo mais, e que não se tratava apenas de ajudar Marcello, mas também sua família.

— O que você acha? — perguntei, hesitante.

— Eu acho que devemos conhecer a situação de perto. Quem sabe não podemos ajudá-la a ter mais tempo pra ser mãe? — ele sugeriu.

E assim, decidimos que seria hora de nos aproximarmos da família de Marcello de verdade. Sabíamos que seria um desafio, mas também entendíamos que essa era a nossa chance de mudar não só a vida do garoto, mas também de sua mãe e seus irmãos.

Eu me preparava para encontrar essa mãe corajosa, e, por mais que não soubesse ainda o que faríamos, estava disposta a fazer o que fosse necessário para que Marcello e seus irmãos tivessem uma infância mais leve e feliz.

VEJO VOCÊS NO PRÓXIMO CAPÍTULO!

Volteeeei! Quanto tempo não posto aqui, me desculpe por isso, mas acabei ficando mais desanimada, porque não vejo mais aquele apoio de antes, muitos não votam e nem comentam nos capítulos. Sei que é chato esse tipo de aviso, mas realmente é o que me motiva a continuar escrevendo para vocês.

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