Marina Soarez Medina's point of view
Marcello vinha conquistando nossos corações a cada dia. Ver como ele se encaixava naturalmente na nossa rotina me dava uma sensação de acolhimento que eu não esperava. Era difícil não vê-lo como parte da família. Sempre educado, com aquele jeitinho tímido, ele se mostrava grato por cada gesto de carinho, por cada refeição que partilhávamos. Às vezes, ele ainda parecia desconfortável, como se não se sentisse digno de tanto afeto, mas eu fazia questão de mostrar que ele era mais do que bem-vindo ali.
Com o tempo, ele começou a ficar mais à vontade. De manhã cedo, já o via sentado ao lado de Helena, conversando sobre os planos para o dia, ou ajudando Cecília a pegar os brinquedos espalhados pelo chão da sala. No fundo, eu sabia que Marcello também estava criando laços com a nossa família. Não era apenas uma questão de surfe ou diversão—ele estava encontrando um lugar onde se sentia querido, onde podia ser ele mesmo.
Helena e Marcello ficavam inseparáveis, como se fossem irmãos. Ela o puxava para cima quando ele hesitava em tentar uma manobra nova, e ele retribuía ajudando-a a vencer o medo de ondas maiores. Ver isso era uma espécie de espelho do que Gabriel e eu fazíamos um pelo outro. Gabriel sempre a apoiava e a encorajava, mas, nos últimos tempos, ele encontrara também em Marcello uma nova razão para se dedicar.
Gabriel tinha aquele brilho nos olhos sempre que falava de Marcello. No começo, eu achava que era apenas o prazer de ensinar mais um talento promissor, como ele sempre fez com tantos jovens surfistas. Mas, aos poucos, fui entendendo que era mais do que isso. Havia algo na história de Marcello que o tocava profundamente. Talvez fosse o fato de o menino não ter os recursos que ele precisava, ou a conexão especial que eles haviam criado. Mas eu sabia que Gabriel já estava pensando além.
Naquela tarde, enquanto as crianças ainda brincavam no quintal, Gabriel se sentou comigo na cozinha, exausto, mas com um sorriso tranquilo no rosto. Ele parecia pensativo, e eu já sabia que algo maior estava se formando na cabeça dele. Ele ficou em silêncio por alguns segundos, observando as crianças através da janela. O som das risadas delas preenchia o ar, misturado com o som suave das ondas ao fundo.
— Sabe, Marina — ele começou, depois de um suspiro profundo. — Eu acho que preciso fazer mais.
Eu olhei para ele, intrigada.
— Mais o quê?
— Não posso ignorar o que Marcello me contou. Ele disse que há várias outras crianças como ele, que amam o surfe, mas que não têm os recursos. E, pra ser honesto, isso mexe comigo. Não dá pra continuar só ajudando um ou outro. Eu posso fazer mais, muito mais.
Eu vi a seriedade nos olhos dele, o peso da responsabilidade que ele estava colocando sobre si. Gabriel sempre foi assim—nunca fazia as coisas pela metade. Quando ele se importava com algo, ele mergulhava de cabeça, disposto a transformar aquilo em algo grandioso.
— O que você tem em mente? — perguntei, já sentindo que ele estava planejando algo bem maior do que simplesmente ensinar Marcello a surfar.
Ele sorriu, aquele sorriso discreto que ele sempre dava quando tinha uma ideia que estava crescendo dentro dele.
— Eu quero criar um projeto para ajudar essas crianças. Dar a elas o que eu tive a sorte de ter: uma prancha, aulas, um incentivo. Tem tantas crianças talentosas por aí que só precisam de uma oportunidade. E eu quero ser essa oportunidade.
Ouvindo aquilo, uma mistura de emoções tomou conta de mim. Eu conhecia Gabriel o suficiente para saber que, quando ele se propunha a algo, nada o fazia desistir. E, ao mesmo tempo, sentia um orgulho imenso por estar ao lado de alguém que usava sua influência e sucesso para mudar a vida dos outros.
— Isso é... incrível, Gabriel — eu disse, sem esconder a admiração. — E você tem todos os meios para fazer isso. Vai ser um trabalho grande, mas você está mais do que pronto.
Ele assentiu, os olhos cheios de determinação.
— Não é só sobre o surfe, sabe? — ele continuou. — É sobre dar a essas crianças uma razão para acreditar nelas mesmas. Quando eu era jovem, o surfe me deu foco, me deu um caminho. Se eu puder dar isso a eles, nem que seja para uma criança... já vai valer a pena.
Eu sabia o quanto isso era importante para ele. Gabriel sempre foi apaixonado pelo surfe, mas, acima de tudo, ele sempre se preocupou com o impacto que ele podia ter na vida das pessoas. Esse projeto seria mais do que ensinar crianças a pegar ondas. Seria sobre abrir portas, dar esperança.
Eu toquei sua mão, sorrindo.
— Você tem todo o meu apoio, Gabriel. Vamos fazer isso juntos.
Ele sorriu de volta, me puxando para perto e me abraçando com força. Enquanto eu sentia o calor do abraço dele, sabia que estávamos prestes a embarcar em mais uma aventura juntos—e, dessa vez, com Marcello e muitas outras crianças ao nosso lado.
Eu observei as crianças no quintal, rindo e correndo. Cecília tentava alcançar Helena e Marcello, e eles a incentivavam, como se todos fizessem parte de algo maior. E, de repente, eu soube que estávamos no caminho certo.
Esse projeto seria mais do que uma ideia. Seria a chance de mudar vidas—assim como Gabriel já havia mudado a nossa.
VEJO VOCÊS NO PRÓXIMO CAPÍTULO!
Alguém aqui desconfiava que Gabriel iria criar um projeto de surfe, por causa de Marcello?
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Our Waves - Gabriel Medina
Fanfiction2° TEMPORADA DE ON YOUR WAVE. RECOMENDO QUE LEIA ANTES! Helena, agora uma promessa emergente no surfe competitivo, continua a trilhar seu caminho nas ondas, enquanto sua família lida com os desafios e mudanças que vêm com essa nova fase. Gabriel, t...