O dia passou, não queríamos sair do quarto, não sei se pelo medo, ou pela necessidade de aproveitar cada segundo juntos.
Quando a luz dia foi dando lugar a escuridão da noite, decidimos sair e aproveitar a última noite alí.
Não sabíamos o que faríamos, apenas saímos sem rumo, a procura de um lugar para nos divertirmos juntos.
Visto um vestido curto, soltinho, preto e por cima uma jaqueta de couro.
Ele usa jeans, camiseta preta e jaqueta de couro também.
Brincamos que faríamos uma dupla em algum bar.
Rimos.Entramos no carro e vamos para o centro.
Estacionamos e decidimos caminhar a procura de um lugar legal.
Há um barzinho, movimentado, muitos jovens do lado de dentro e do lado de fora.
Entramos.Pegamos uma cerveja long neck ele leva a garrafa à boca e antes que possa tomar o primeiro gole o interrompo:
_Opa, opa, opa! Beber sem brindar da azar! Bato minha garrafa na dele e tomo um longo gole olhando para ele, ele faz o mesmo e depois solta uma gargalhada!
_ Vc è a melhor, Cecília! Vc é a melhor!
Ele diz e rimos muito disso!Ficamos em pé no balcão, não há mais mesas disponíveis, mas queremos mesmo é nos divertir.
A banda toca um repertório de rock nacional e abre o microfone vez ou outra para quem quiser cantar, como um karaokê .
Todos se divertem e cantam juntos.Não sei se foi o álcool, ou se era eu mesma que finalmente estava no lugar, mas decido cantar e o chamo para cantar comigo...
_ Vem, canta comigo.
_ Eu não canto, Cecília. Eu só toco.
_ É só abrir a boca e cantar. Vem, vc conhece essa, todo mundo conhece.
Cochicho com o rapaz que está colocando as músicas e Tempo Perdido do Legião começa a tocar.
Ele ri e eu cantarolo sorrindo para ele:_ Não temos tempo a perder...
Ele vem ao meu encontro animado e cantamos...
Cantamos olhando um para o outro, como se cada palavra, cada frase, fizesse um sentido que só nos dois pudéssemos compreender...
Dançamos, cantamos...
Todos cantam...'Então me abraça forte
E diz mais uma vez
Que já estamos
Distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempoNão tenho medo do escuro
Mas deixe as luzes
Acesas agora
O que foi escondido
É o que se escondeu
E o que foi prometido
Ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido
Somos tão jovensTão jovens! Tão jovens!"
Foi demais, descemos do palco rindo como dois adolescentes que acabaram de arrasar num show da banda da escola.
Todo mundo curtiu, aplaudiram e gritaram.
Essa música tem uma vibe que faz todo mundo virar adolescente outra vez. SEMPRE!Era quase meia noite quando saímos do bar, paramos o carro em um mirante para aproveitar os últimos minutos alí, e de nós, olhei no relógio, sabendo que tudo estava terminando, a hora de "virar abóbora" estava próxima.
Estamos encostados no capô do carro, olhando ao longe as luzes da cidade, bebendo nossas cervejas, o som do carro ligado._ Quase meia noite. Precisamos acordar cedo amanhã.
Digo._ É, precisamos. Porém, não queremos.
Ele diz olhando para os pés que chutam pedras invisíveis no chão.Me aproximo, fico de frente para ele e digo:
_Não importa o que vai acontecer amanhã, nós tivemos o hoje. E isso vai durar pra sempre.
_ Eu sei que vai, mas eu apenas não queria ter essa sensação de que estamos nos despedindo. Não precisa ser assim, precisa?
_ Não, não precisa. Podemos continuar, se vc também quiser.
Estamos apenas nos despedindo de Campos do Jordão e podemos voltar uma outra vez.Estou dizendo isso, mas tem um nó na garganta e um aperto no peito me dizendo que não será assim. Na verdade sinto o mesmo que ele.
Acho que ativei meu modo terapeuta e estou dizendo o que é preciso dizer, mas não o que eu sinto.Ele me puxa pela cintura pra mais perto de si e encosta a testa em minha barriga.
By my side tocando, ele se balança no ritmo da música, se levanta e começa a dançar colado a mim.
Ele me beija._ Quero te mostrar uma coisa. Uma música.
Digo, tentando anima-lo.
Ele sorri e diz:_Mais uma! Oba! Qual a história dessa?
Coloco Is This Love do Whitesnake pra tocar e caminho na direção dele dançando, fecho os olhos e sinto a música, deixo ela guiar meus sentidos, meu corpo. Danço, porque em todos os momentos que não pude controlar nada, nos momentos em que eu apenas podia sentir, naqueles que não encontrava palavras, eu usava a música, eu dançava, pra esquecer e agora pra lembrar.
Tiro a jaqueta e continuo dançado, noto que ele está parado, encostado ainda no capô, me observando dançar.
Então, chego mais perto e danço quase me encostando nele. Quando ele tenta me tocar , dou um passo pra trás, ele sorri maliciosamente, gosto disso. Provoco mais.
Ele não aguenta, me segura as nádegas e me puxa com força, me coloca sobre o capô, eu já estava sem a calcinha... olho para cima e vejo as estrelas, não sei se são reais, ou se o prazer me faz vê-las.
De repente o sinto dentro de mim, rígido forte, arqueio minhas costas contra o capô e ele as segura, tirando minhas costas do capô e trazendo meu corpo para si, de forma que consiga olhar nos meus olhos...Outra vez, vejo estrelas, mas dessa vez nos olhos dele...
_ Cecília, eu te amo! Eu amo você!
Minha respiração ainda está ofegante e sinto que um milhão de estrelas piscam nos olhos dele.
Eu sinto que meus lábios estão sorrindo, um sorriso novo, um sorriso que é dele, feito só para ele e que nunca dei a mais ninguém._ Eu te amo, Bernardo!
E agora são milhões de estrelas e sorrisos, explodindo e se tornando infinitos...
Então digo a ele, respondendo a pergunta que me fez momentos antes:
_ É essa a história dessa música, a que acabamos de escrever...
A trilha sonora utilizada para a escrita desse livro e músicas citadas em capítulos estão disponíveis em uma playlist de mesmo nome no Spotify. O link está disponível logo abaixo.
Vc pode ouvir enquanto lê!https://open.spotify.com/playlist/5yZi7RLihaORb1kvti11Ry?si=1P5SW6oASluB4ChRhVQZ8w

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Destinados
RomanceCecília, tem uma vida dinâmica, uma jovem obstinada e corajosa. Acredita que sua vida tem um propósito e está sempre em busca de respostas para os sonhos estranhos que tem desde criança. Seriam eles lembranças de suas vidas passadas, ou premonições...