Capítulo 21

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É de manhã, a noite anterior agora me parece um sonho bom que tive, mas foi real.
Tomamos café no hotel, um café tão singular quanto o lugar, quanto a noite, quanto a tudo que está acontecendo.
Não aparece real, tudo é tão perfeito que sinto medo de que a realidade me alcance.

_ Cecília?

Bernardo me me tira dos meus pensamentos.

_ Está tudo bem? Você ficou tão quieta, olhando para o nada.

_Estava aqui pensando no quanto tudo isso é mágico e quanto sinto medo de voltar pra realidade.

_ Eu também sinto o mesmo. Mas se vc quiser, podemos ficar dentro dessa magia por mais tempo. Eu gostaria.

_Eu também.
Digo, "Eu também", ignorando todas as outras respostas que poderia ou deveria dar, segundo minha razão.

_Tenho que pegar algumas coisas no carro, me espere aqui e combinamos o que fazer.
Ele diz, se levanta, beija minha testa e sai.
Fico ali sentada na mesa do café, olhando tudo a minha volta. Lutando para que meus pensamentos não atrapalhem a magia que escolhi viver. Ainda que não dure pra sempre.
Avisei a Clara que estou aqui, mas preciso dar notícias. E disso não poderei fugir.

_Ei querida, sentiu minha falta?
Bernardo volta sorrindo e fazendo piadinha, mas sinto que algo aconteceu.
Há uma nuvem pairando em seu olhar.
Mas acho que tbem tenho uma no meu, tentado tapar o sol.
Tento relaxar, assim como ele.
Percebi que não temos nos feito perguntas, acho que não queremos respostas que possam estragar o que estamos vivendo aqui.
Então continuamos as ignorando.
Até quando? Não sei.

_ Senti, sim.
Respondo.
_O que faremos agora?
Pergunto.

_Vi que tem uma piscina no terraço, depois dos jardins, que ainda não visitamos.
Podemos ir ao jardim e depois pra piscina.
O que acha?

_ É uma boa ideia, mas, não tenho biquíni.
Esqueceu que viemos com a roupa do corpo?

_Podemos ir até a galeria e comprar umas roupas, também preciso.

_Ok. Me dê um minuto, vou até o quarto pegar minha bolsa, preciso avisar minha irmã que estou bem.

_Sim, por favor. Não queremos que sua irmã pense que sou um sequestrador perigoso.
Ele diz, primeiro fazendo cara de mau e depois abre um longo sorriso!
Aquilo faz meu coração acelerar. Como gosto do sorriso dele! É um sorriso que começa aberto, onde se vê os dentes perfeitos e que continua em um meio sorriso de canto, até um fechar de lábios também perfeitos.
E cada vez que ele sorri assim, sinto que o assisto em câmera lenta.
Sinto que me perdi, não sei o que estava fazendo ou ia fazer.
Não sei se ele percebeu, mas está me olhando, como se esperasse algum movimento meu.
Ah, sim, eu estava indo até o quarto.
Meu Deus, Cecília, recomponha- se!

_Volto já!
Digo já saindo, mas ele me puxa para junto e me beija demoradamente, pronto, minhas pernas, não tenho e se tenho, não sinto.
Sou líquida, fluindo para onde quiser me levar. É isso!
Ele me solta e diz:

_Agora sim, pode ir.
E sorri de novo, daquele jeito.
Eu reviro os olhos para ele e faço cara de mau, igual a que ele fez.
Agora ele solta uma gargalhada.

Pego o celular e dígito:

Bom dia, minha princesa.
Passando para dar notícias, estou viva!
Literalmente VIVA,como nunca me senti antes nessa vida.
Sinto que estou dentro de um filme, um romance americano, desses que gosto de assistir! Kkkk
Acredito que volto amanhã, acho...
Ou talvez não volte nunca. (Gostaria)
Mas... Sei que em algum momento terei que voltar para a realidade e virar "abóbora".
A vida não é um conto de fadas...
Mas por enquanto, permito-me!
Te amo!

Envio, coloco o celular na bolsa e antes de sair giro pelo quarto, como se fosse uma adolescente de 17 anos, feliz!
E daí, se for apenas um dia.
Existem dias que conseguem valer por uma vida inteira.
E até aqui, esse é o primeiro dia que sinto isso na minha!
Talvez seja esse que fará valer a minha!

Ele está a minha espera do lado de fora do carro, segurando a porta para eu entrar.

_Olá bonitão, está pronto?
Digo colocando os óculos escuros e entro no carro.
Ele gargalha e fecha a porta.

Quando ele liga o carro, e pegamos a estradinha que leva para fora do Hotel, conecto meu bluetooth ao som do carro e digo:

_Sem música, sem emoção!

Coloco "Cruisin" para tocar.
E ele pergunta:

_Que música é essa?

Eu me viro, tiro os óculos e olho diretamente para ele dizendo:

_Como alguém nesse mundo não conhece essa música???
Tá bom! Não é lá uma canção conhecida, mas a vibe dela é tão boa que tem que tocar em qualquer viagem que valha a pena!
Não que eu tenha viajado muito, mas...
Pensando bem, eu só viajei nela mesmo, ainda não usei em viagem alguma...

Digo, voltando a colocar os óculos e me sentando direitinho no banco, refletindo sobre isso...

A gargalhada dele rompe meu silêncio, ele ri tanto que até chora.
Dou um tapa no ombro dele com força.

_Qual é a graça?

_ Você!

Olho brava pra ele.

_ Não precisa ficar irritada. Adoro isso em você. Seu jeito espontâneo, livre, quase inocente, de parecer viver tudo como se fosse a primeira vez e sinto que quando estou com você é como se eu também estivesse vivendo tudo como se fosse a primeira vez.
Eu estou feliz, não uma felicidade qualquer, mas uma que ainda não tinha sentido.
Eu sou alguém diferente quando estou com você.
Alguém que eu realmente gosto de ser.
Por isso eu ri! E não me sentia assim há muito tempo! Obrigada.

Ele termina dizendo com um sorriso e voltado a música do início.
Eu fico sem jeito, dou um sorriso e começo a cantar junto com a música.
Abro o vidro do carro, sinto vento... Sinto tudo...
Ele continua sorrindo e eu também...




A trilha sonora utilizada para a escrita desse livro e músicas citadas em capítulos estão disponíveis em uma playlist de mesmo nome no Spotify. O link está disponível logo abaixo.
Vc pode ouvir enquanto lê!

https://open.spotify.com/playlist/5yZi7RLihaORb1kvti11Ry?si=1P5SW6oASluB4ChRhVQZ8w

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