Capítulo 58

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Bernardo e eu temos vivido dias felizes. As coisas enfim parem estar no lugar, no lugar onde deveriam estar desde sempre.
Ele entrou em contato com amigos da época da faculdade e tem trabalhado com eles, uma parceria em projetos que por enquanto ele não assina, para não correr o risco de ser boicotado.
Ele não se importa diz que se sente bem assim, que com o tempo vão se esquecer dele e parar de persegui-lo e que tem se divertido trabalhando assim.
Tem conversado com o pai sobre abrir algo juntos no futuro. O pai tem uma pequena oficina onde fábrica móveis rústicos. Bernardo me contou que foi com esse trabalho, com essa oficina que os pais os criaram e que só agora percebeu que poderia ter aberto um negócio com o pai.
Eu disse que é das grandes dificuldades que também nascem grandes oportunidades.
Ele quer que eu vá conhecer os pais dele e eu quero que ele vá conhecer os meus. Ainda não decidimos onde iremos primeiro.
Tenho passado mais tempo na casa dele do que na minha quando não estou trabalhando.
Conversamos muito durante essa semana.
Sobre o relacionamento dele com Marcela e do meu com Tiago.
Ele enfim me perguntou sobre a noite do Pub, a noite em que eles brigaram.

-Por que vc não reagiu? Depois de tudo o que ele te fez.

Perguntou-me.

- Eu não sei. Eu congelei. Acho que estava tão feliz com vc, que me esqueci das coisas que vivi com ele e nem esperava vê-lo.
Não tive reação quando ele me abordou.
Acho que fiquei em choque.

- Mas o que ele te disse?

- Eu não me lembro bem. Eu só sentia um medo tão grande, que parece que tudo congelou. Eu não ouvia, nem falava, só via e sentia.
Eu sentia medo, queria correr, mas meus pés não me obedeciam, queria gritar, mas não conseguia nem respirar. Então só fiquei alí, parada. E de repente vc já está lá em cima dele e batendo sem parar.
Antes, quando terminamos eu ficava em estado de alerta, por isso conseguia reagir, mas eu não estava mais, talvez porque me sentia segura com vc, então esse estado de "hiper vigilância" sumiu.
Talvez agora volte.

- Não precisa voltar. Eu estou aqui para te proteger e defender. E que bom saber que vc se sente segura ao meu lado. Não vou deixar que nada te aconteça. Nunca!

É bom esse sentimento de me sentir cuidada e protegida. E ele é sempre tão protetor. Eu não tenho medo de nada quando estou com ele.
Não sei se ele me dá coragem, ou se me sinto de fato protegida por ele.
Mas é um sentimento bom.
Percebo que me sinto amada quando me sinto cuidada e protegida.
Penso nas linguagens do amor, em qual delas entra essa parte do cuidado. Acho que em todas elas tem um pouco de cuidado e como ele me ama em todas as linguagens, o cuidado vem doses grandes em cada uma das linguagens, por isso me sinto tão amada por ele.

Bernardo me disse que tem uma surpresa para mim hoje a noite e que preciso sair de casa, da casa dele, que agora falo como se fosse minha também.
Sorrio ao pensar nisso. Quando foi que isso começou?
Tudo é tão rápido que as vezes me assusta.
Estamos sentados outra vez no sofá da sala.
Ele está concentrado, conversando com alguém no celular, mas as vezes olha para mim e sorri.
Pergunto:

- O que está aprontando?

- Calma, Tangerina, estou acertando algumas coisas para hoje a noite.

- Está me deixando curiosa. Me conta alguma coisa. Por favor!

- Não, senão deixa de ser surpresa.

- Mas eu não sei nem como devo me vestir. Já que é em casa.

- Vista-se para um jantar, como se fosse em um restaurante.

- Depende do restaurante, se for no bandejão da esquina do meu trabalho, posso usar calça jeans e blusinha.

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