Capítulo 39

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_ Bom dia,Tangerina! Dormiu bem?

Abro os olhos e Bernardo está me olhando, deitado ao meu lado na cama.

_ Bom dia! Dormi sim e vc?

_ Acho que não dormia tão bem assim faz tempo.

Ele respondeu sorrindo.

_Que horas são?

_ Sete.

_Meu Deus! Vou me atrasar, tenho paciente as oito.

_ Calma, Cecília! Dá tempo, eu te levo! Com emoção! E não tô só falando das músicas não.

_ Com o trânsito dessa cidade nem se vc quisesse bancar o Velosos e Furiosos vc conseguiria correr.

Digo já me levantando e indo em direção a lavanderia para pegar minhas roupas que já estão secas.
Ele se levanta também e vai para a cozinha.
Passo por ele e vejo que está fazendo café.
Não como pessoas "normais" fazem no dia a dia, está preparando café em uma cafeteira digna de uma cafeteria.
Paro, olho para ele, torço o nariz como quem diz, " Café coado é para meros mortais, príncipes e reis tomam de cafeteiras profissionais".
Ele entende, isso é o melhor entre nós. Conversamos com o olhar.
Ele ri e diz:

_ Vá se arrumar e deixa que eu cuido do café!

Reviro os olhos e passo por ele,ele me dá um tapa no bumbum e eu volto a olhar para ele com um olhar de quem quer o matar.
Ele gargalha.

_ Vai ter volta!

Digo.

_ Espero que sim.

Ele grita para que eu escute. Já estava correndo para me trocar o mais rápido que conseguisse.

Estou me maquiando no espelho do banheiro quando o vejo parado na porta segurando uma xícara com café.

_ Café?

Ele pergunta.

_ Sim, já vou descer para pegar.

_ É seu. Trouxe para vc.

Sério?

_ Vou ficar mal acostumada assim.

Dou um beijo nele e pego a xícara de sua mão.

_ Obrigada.

Digo.

_ Vc tem muitos pacientes hoje?

_ Sim, o dia está cheio. Terei sorte se conseguir almoçar.
Por quê?

_ Acho que estou viciado em vc.
Só de imaginar que ficaremos longe um dia todo já sinto os sintomas da abstinência.

Ele começa a me cheirar feito louco para dar ênfase ao que disse.

_ Bernardo! Para! Estou atrasada!
Vc não vai me convencer a ficar.
Vc não pode ter tudo o que quer sempre, sabia?

Dou um sorriso.
A verdade é que eu também sinto o mesmo.
Mas preciso me manter com os pés no chão e preciso usar meu trabalho como âncora.
Ele me mantém na minha realidade.

_ Vc pode pelo menos voltar a noite?

_ Bernardo! Desse jeito vc vai enjoar de mim.

_ Nunca!

_ Está falando isso agora. Vamos fazer o seguinte. Vc tem as suas coisas para resolver. E eu as minhas. Vamos tentar seguir nossas vidas normalmente e se a vontade de nos ver bater, a gente se vê, é só mandar mensagem.

_ Eu não tenho nada para fazer.

_ Vc è arquiteto, não è?

_ Sim!

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