Já era tarde da noite quando chegamos a Campos do Jordão.
Esse é o lugar que gosto de vir quando preciso descansar e ficar sozinho.
Imaginei que a faria bem.
Ela estava dormindo quando chegamos.
Paro carro, a observo dormir tranquila, passo a mão por seu rosto e a chamo:_Cecilia, acorde, chegamos.
_ Onde estamos?
_Campos do Jordão.
_Campos do Jordão? Como assim?
_ É. Tentei imaginar um lugar onde você pudesse descansar e ficar bem, então te trouxe para o lugar onde eu descanso.
_ Tão longe? Estou com a roupa do corpo. Minha irmã deve estar preocupada.
_Acalme-se. Você pode ligar para ela, e se não quiser ficar, podemos apenas descansar por hoje, conversar e voltamos de manhã.
Mas se decidir ficar, ficamos pelo fim de semana, encontramos roupas para você e para mim aqui mesmo.
Você decide com calma depois.
O que acha de comermos algo e decidirmos depois, você deve estar com fome._Tudo bem. Eu preciso mesmo de um tempo. E nunca conheci Campos do Jordão.
Ainda estou surpresa, mas não de uma forma ruim. Me sinto inexplicavelmente bem aqui com você._ Venha. Vamos comer.
Saio do carro, abro a porta para Cecília e caminhamos.
Não percebi que estávamos de mãos dadas, como se fôssemos um casal, parecia tão natural, tão familiar aquela sensação da mão dela na minha, como nunca senti com Marcela.
Cecília também parecia não perceber, e se percebeu, também não se incomodou.
Mostro alguns pontos da cidade enquanto caminhamos. Ela sorri algumas vezes. Parece tão bem, eu também me sinto bem ao lado dela.
Parece não haver preocupações ou problemas, nem ela, e nem eu.Jantamos em um restaurante aconchegante, onde nos serviram caldo e torradas.
Tomamos vinho e conversamos sobre coisas aleatórias.
Ela ainda não me contou o que a atormentava horas atrás.
Eu também não pergunto, a deixo a vontade, afinal era isso que eu queria, fazê-la se sentir bem, feliz.Quando voltamos à rua, ainda de mãos dadas a pergunto:
_ E então, ficamos?
_Sim, quero ficar aqui mais um tempo.
Volto ao restaurante, onde tão gentilmente fomos atendidos e pergunto sobre hotéis e pousadas, querendo uma indicação.
_ Existem bons lugares por aqui, desde os mais simples aos mais sofisticados, do que gostariam?
Pergunta a dona do restaurante e Cecília e eu respondemos quase que juntos, como se já soubéssemos para onde desejamos ir.
_ Simples, aconchegante e rústico.
A dona ri de nossa sincronicidade.
_ Sinto em vcs uma comunhão de almas. Há quanto tempo estão juntos?
_ Nós... Não... É, nós, não...
Cecília gagueja e eu continuo:
_ Nos conhecemos faz pouco tempo...
_ O tempo não existe para as almas, somos apenas corpos diferentes em cada jornada, mas nossas almas são as mesmas desde o início dos tempos, e a de vocês dois já viajam juntas a muitas vidas. Acho que tenho o lugar perfeito para vocês.
Ela vai até atrás do balcão, pega um cartão e me entrega dizendo:
_ Diga que a Berta os mandou. Vão entender.Agradeço e num impulso, Cecília solta minha mão e da um abraço em Berta.
_ É como disse, as almas se reconhecem. Também estou feliz em revê-la, querida.
Berta abraça carinhosamente Cecília, como se de fato abraçasse alguém que a tempos não via, mas que conhecia bem e por quem nutria grande carinho.
Ao nos despedirmos, Berta acena e me diz:

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Destinados
RomantizmCecília, tem uma vida dinâmica, uma jovem obstinada e corajosa. Acredita que sua vida tem um propósito e está sempre em busca de respostas para os sonhos estranhos que tem desde criança. Seriam eles lembranças de suas vidas passadas, ou premonições...