Recuperação

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Dois dias se passaram desde o ataque, e Joseph já estava bem melhor, ainda que sentisse dores ao se mover. Ele estava ansioso para sair do hospital e retomar sua missão em Summerville, mas antes precisava lidar com as repercussões de sua ausência. Seu celular havia sido quebrado durante a violência sofrida e após a manutenção, e ao ligá-lo, viu uma enxurrada de notificações. Cinquenta chamadas perdidas, todas de Noemi e Gabrielle. Ele respirou fundo, sabendo que teria que enfrentar as perguntas preocupadas de Noemi.

Ao retornar a ligação, Noemi atendeu quase imediatamente. A voz dela estava trêmula, um misto de alívio e preocupação evidente.

— Joseph! Onde você esteve? O que aconteceu? Por que não respondeu antes?

Joseph hesitou por um segundo antes de inventar uma desculpa. "

— Calma, Noemi. Eu fui assaltado. Quebraram meu celular e precisei esperar para consertá-lo.

— "Assaltado?" Você poderia ter comprado outro celular no mesmo dia, Joseph. Por que mentir para mim?

Ele tentou manter a voz calma, ainda insistindo em sua história.
—Foi só um assalto, Noemi. Nada de mais. Eu não queria que você se preocupasse sem necessidade.

Do outro lado da linha, ele ouviu o som abafado de choro, o que o surpreendeu. Ele sabia que Noemi se importava com ele, mas não esperava uma reação tão intensa.

— Por favor, Noemi, não chore. Eu estou bem, de verdade. Quando eu chegar no hotel, vou te ligar de novo, e a gente conversa com calma, ok?

Noemi respirou fundo, tentando se recompor.

—Tá bom... Mas, por favor, me prometa que vai se cuidar.

—Eu prometo
respondeu ele, aliviado ao perceber que, pelo menos por enquanto, ela parecia convencida de sua mentira.

Após desligar, Joseph sentiu um peso em seu peito. Não gostava de mentir para Noemi, mas sabia que contar a verdade sobre o ataque só a deixaria mais preocupada. Ele não queria que ela soubesse dos riscos que estava correndo em Summerville, não queria que ela vivesse com o medo constante de perder alguém de novo.

Enquanto isso, na Espanha, Noemi ainda estava muito abalada, tentando se acalmar com a ajuda de Gabrielle. As duas estavam sentadas na sala de estar do apartamento que compartilhavam, e Gabrielle notava o estado de agitação da amiga.

—Noemi, ele disse que está bem. Talvez não tenha sido tão grave assim
disse Gabrielle, tentando ser racional.

—Você não entende, Gabrielle! Ele sempre se mete em problemas. Mais cedo ou mais tarde, ele vai acabar se matando por se meter onde não é chamado
Noemi exclamou, enxugando as lágrimas que corriam por seu rosto.

Gabrielle franziu a testa, preocupada com a intensidade das palavras de Noemi.

—Por que você está tão preocupada, Noemi? Eu sei que você e Joseph são próximos, mas... parece mais do que isso.

Noemi congelou por um instante, percebendo que havia falado mais do que pretendia. Em um momento de fraqueza, suas emoções haviam transbordado, revelando um segredo que ela vinha guardando há anos

— Gabrielle... eu... eu amo Joseph.

Gabrielle piscou, surpresa com a confissão. Ela sabia que Noemi e Joseph eram irmãos de criação, e embora não compartilhassem o mesmo sangue, a revelação ainda a pegou de surpresa.

— Ama? Ama de amor?! Noemi, vocês... são como...

— Eu sei! Mas não consigo evitar! Desde que ele me encontrou naquelas ruas, morrendo de fome... Desde que Chevalier me acolheu e me deu uma nova vida... E depois, vendo o quão incrível Joseph é... Eu simplesmente... eu me apaixonei.
Noemi interrompeu, sua voz angustiada.

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