Amor marcado

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Joseph acordou no dia seguinte com o peso das suas ações em mente. Ele percebeu que, ao tentar se defender da provocação de Noemi, acabou apenas ferindo os sentimentos dela. A ideia de que a situação poderia criar uma barreira entre eles o incomodava. Noemi sempre fora muito direta e expressiva, e ele sabia que por trás daquela brincadeira existia uma intenção de conexão, talvez até uma tentativa de chamar sua atenção.

Refletindo sobre isso, Joseph decidiu que precisava se redimir de maneira genuína. Ele se lembrou do café da manhã preferido de Noemi: panquecas com mel e frutas vermelhas. Embora tivessem algumas diferenças, ele sabia que gestos simples como esse sempre significavam muito para ela.

Ele foi para a cozinha, ainda um pouco sonolento, mas determinado a consertar as coisas. Começou a preparar a massa das panquecas, deixando o aroma adocicado tomar conta do ambiente. Separou as frutas vermelhas frescas e o mel, disposto a fazer do café da manhã um símbolo de desculpas e reconciliação.

Quando Noemi desceu as escadas, ainda sem saber o que a esperava, Joseph a recebeu com um sorriso meio tímido, mas sincero.

— Eu fiz o seu café da manhã favorito —  disse ele, apontando para a mesa. — Queria me desculpar pelo que aconteceu ontem. Não era minha intenção te magoar.

Ela olhou para as panquecas, depois para ele, com uma expressão surpresa que logo se suavizou. O gesto de Joseph, tão simples mas carregado de significado, a tocou. Ela se aproximou lentamente, sentando-se à mesa, sem dizer nada a princípio.

Finalmente, Noemi quebrou o silêncio.

— Você sempre foi péssimo com palavras... mas sabe fazer panquecas.
Ela sorriu de leve, pegando uma garfada.

O clima entre os dois começava a melhorar, e a tensão que pairava entre eles na noite anterior parecia se dissipar.
Joseph sentou-se à mesa junto com Noemi, observando enquanto ela terminava a primeira garfada da panqueca. A tensão que o incomodava ainda pairava no ar mesmo que levemente, mas agora, depois do gesto, ele sentia que era o momento certo para falar.

— Noemi — começou ele, sua voz mais suave, quase hesitante — eu realmente sinto muito. Nunca imaginei que, para você, nossa relação pudesse ultrapassar algo meramente familiar. Sei que não somos irmãos de sangue, mas... Acho que  talvez, isso possa dar certo.

As palavras pairaram no ar por um momento, pesadas, mas ao mesmo tempo libertadoras. Noemi, que estava concentrada na comida, arregalou os olhos, surpresa com o que ouvira. Ela olhou para Joseph, lutando para conter a emoção que borbulhava dentro dela. Um leve sorriso se formou em seus lábios, mas ela ainda tentava manter a compostura.

— Você fala sério? — Ela perguntou, sua voz carregada de uma mistura de expectativa e receio. — Você quer tentar?

Joseph assentiu, sentindo o peso da responsabilidade das palavras que acabara de pronunciar.

— Sim, quero tentar. Mas... precisamos ser cuidadosos, Noemi. Isso não é algo que muitas pessoas entenderiam ou veriam com bons olhos. É complicado, você entende?

Noemi manteve o olhar fixo em Joseph, o sorriso ainda presente, embora agora mais contido, como se ela estivesse processando tudo o que ele disse. Ela sabia que a relação entre eles nunca seria simples, mas o fato de Joseph estar disposto a considerar algo mais a fez sentir que tudo era possível.

— Eu sei que é complicado — disse ela, sua voz mais suave agora. — Mas nós podemos conseguir. Se formos honestos um com o outro e lidarmos com isso de forma madura, talvez... talvez ninguém precise saber até que tenhamos certeza. O que importa é que estamos juntos nisso.

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