Sofia estava parada em frente ao espelho do pequeno quarto, com o som distante do trânsito preenchendo o ambiente. O cabelo ruivo brilhava à luz suave da manhã, e ela quase não se reconhecia. Passou os dedos pelas mechas, sentindo-se diferente, quase renascida. O tom alaranjado a lembrava do outono, de mudanças, de folhas que caem para dar lugar ao novo. Ela se perguntou se, assim como as árvores, ela estava se preparando para florescer depois de tantas perdas.
Sofia passou os dedos pelas mechas alaranjadas, sentindo uma mistura de orgulho e estranheza. Era como se aquela nova cor de cabelo fosse mais do que uma mudança estética; era um manifesto silencioso de quem ela estava se tornando. O outono estava dentro dela, os ventos da transformação a empurravam para longe do que conhecia. Ela não voltaria atrás.
Voltou os olhos para o celular sobre a penteadeira. Havia mensagens de Daniel. Muitas. Cada uma com pedidos de desculpas, frases cortadas pela dor e pelo desespero. Ele estava tentando se redimir. "Por que agora?" – pensou.
O celular sobre a penteadeira vibrou mais uma vez. Sem olhar, ela já sabia de quem era: Daniel. As mensagens continuavam chegando – desculpas, arrependimentos, promessas. Ele sempre parecia saber o momento exato para reaparecer, justo quando ela começava a respirar sozinha."Deixe-o esperando," uma voz interna sussurrou. Ela se levantou, decidida. Hoje, era o dia de conhecer um novo lado da primavera.
Com um suspiro profundo, Sofia desviou o olhar do aparelho. "Deixe-o esperando", repetiu para si. Ela não queria mais se perder naquela espiral de emoções. Hoje era sobre recomeços, e Daniel pertencia ao passado – ou, pelo menos, ela queria que fosse assim.
Vestiu-se com um cuidado novo. Nada de extravagâncias, apenas o básico, mas agora havia uma confiança diferente em cada peça de roupa. Pegou sua bolsa e saiu de casa.
O sol já estava alto quando Sofia saiu de casa. Seus cabelos ruivos brilhavam sob a luz da manhã, como folhas alaranjadas caindo no outono, mas com um toque de vitalidade. Ela ajeitou a jaqueta de couro, algo que nunca teria usado antes. A peça era uma declaração silenciosa de que Sofia, outrora tão hesitante, agora caminhava em uma nova direção.O sol da manhã aquecia seu rosto, e o cheiro das flores da primavera invadia o ar ao seu redor. Caminhou pelas ruas, sentindo-se observada. Sabia que os paparazzi ainda a seguiam, sempre à espreita, mas não se importava mais. Eles podiam tirar quantas fotos quisessem; agora, era ela quem decidia como queria ser vista.
O vento da primavera soprava suave, e cada passo parecia um eco do renascimento que sentia dentro de si. Não havia mais espaço para dúvidas. Sua jornada não seria definida pelas expectativas dos outros.
Ao dobrar a esquina, seus olhos encontraram Marcos. Ele estava parado, com as mãos nos bolsos e aquele sorriso calmo no rosto. O vento balançava levemente seus cabelos escuros, e por um breve momento, tudo ao redor pareceu desacelerar.
Marcos estava encostado em seu carro.Seus olhos encontraram os dela e, por um breve momento, ele parecia não reconhecer a mulher à sua frente.— Você mudou — ele disse, sua voz baixa, mas carregada de significado.
Sofia parou em frente a ele, sem desviar o olhar. "Eu precisava", respondeu com firmeza. Havia uma nova determinação em seu tom, algo que até ela mesma começava a perceber.
Eu sabia que você ia mudar, mas... uau. — Ele sorriu, aproximando-se lentamente. — Está... diferente.
Sofia desviou o olhar por um segundo, com um sorriso enigmático nos lábios.
— Diferente? Isso é um elogio? — sua voz era brincalhona, mas guardava um tom de desafio.
Marcos enfiou as mãos nos bolsos e riu de leve.
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Quatro estações
RomanceSofia e Daniel viveram um amor de verão, ardente e promissor, mas quando o outono chegou, a distância esfriou o relacionamento e as folhas da confiança começaram a cair. Mas será que o amor pode sobreviver às cicatrizes que o tempo deixou? "Quatro E...