O calor da tarde era abafado no pequeno apartamento da zona norte. A brisa, quando soprava, trazia consigo o som distante do trânsito pesado e o cheiro de gasolina misturado a frituras de barraquinhas nas ruas lá embaixo. Sofia ajeitou o vestido simples, os olhos correndo nervosos pelas paredes desbotadas da sala, onde algumas fotos antigas se penduravam tortamente.
A sacada enferrujada do apartamento oferecia uma vista nada acolhedora: prédios feios, com suas fachadas desgastadas, um emaranhado caótico de fios elétricos que atravessavam o céu cinza, e abaixo, o vai e vem incessante de pessoas e carros. Não era um lugar bonito, mas era o lar dela e de sua avó.
Quando a campainha tocou, Sofia sentiu um friozinho no estômago. Daniel estava prestes a conhecer uma parte essencial de sua vida.
- Vó, ele chegou - Sofia avisou, indo até a porta.
Maria José apareceu da cozinha, vestida com uma saia longa e uma blusa leve, o rosto enrugado sorrindo calorosamente.
- Estou pronta, querida.
Quando Sofia abriu a porta, Daniel estava ali, segurando um buquê simples de flores amarelas. Ele parecia deslocado naquele ambiente, mas seus olhos, ao verem Sofia, suavizaram-se.
- Oi, meu amor - ele disse, oferecendo o buquê. - Achei que essas flores te combinavam.
Sofia sorriu, aceitando o presente com um carinho contido.
- Daniel, essa é minha avó, Maria José - apresentou, a voz suave.
Maria José o cumprimentou calorosamente, estendendo a mão.
- Então, esse é o rapaz que fez minha menina sorrir de novo - Maria José disse, com um sorriso acolhedor, aproximando-se para cumprimentá-lo.
- Que bom finalmente conhecê-lo, Daniel. Minha neta fala muito bem de você - disse ela, a voz mansa e acolhedora, como uma brisa suave.
Daniel sorriu de volta, apertando sua mão com respeito.
- O prazer é todo meu, dona Maria. A Sofia é incrível, a senhora fez um bom trabalho.
Quando Maria José ouviu isto, um sorriso caloroso se espalhou por seu rosto enrugado, as marcas do tempo fazendo-a parecer ainda mais sábia. Seus olhos brilharam observando Daniel, como se pudesse enxergar sua alma ali, diante dela.
O aroma de comida caseira escapava pelo pequeno apartamento, e o som suave da rádio tocando canções antigas dava um toque aconchegante à cena. Maria José, com sua fala doce e pausada, guiou-os até a sala de estar, onde a mesa estava posta para um almoço simples, mas feito com carinho. Cada detalhe refletia a simplicidade da vida de Sofia, uma vida que Daniel, de certa forma, nunca tinha experimentado.
Enquanto comiam, Daniel observava Sofia conversando com a avó. Ele se encantava com a conexão entre as duas - era algo puro, bonito, quase como uma dança silenciosa de amor e respeito. As histórias fluíam naturalmente, Maria José mencionava pequenas travessuras de Sofia na infância, e a forma como ela sempre foi determinada.
- Ela sempre foi assim, meu filho - Maria José disse, olhando diretamente para Daniel. - Quando ela quer algo, vai atrás. Igual a mãe dela... Deus a tenha. - Uma sombra de tristeza passou pelos olhos da avó, mas logo foi substituída por um sorriso de carinho. - Mas tenho certeza de que ela encontrou um bom coração em você, não é?
Daniel sorriu, sentindo o calor daquela aprovação. Havia algo ali, na presença de Maria José, que o fazia sentir-se mais próximo de Sofia. Como se ele estivesse sendo convidado a fazer parte não só da vida dela, mas de sua história, suas raízes.
Depois do almoço, eles seguiram conversando na sala . Uma brisa suave balançava as flores de Sofia em um vaso, e enquanto Daniel e Sofia conversavam de mãos dadas no sofá da sala, a avó preparava um café e os observava da cozinha, com um olhar de pura ternura.
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Quatro estações
RomantiekSofia e Daniel viveram um amor de verão, ardente e promissor, mas quando o outono chegou, a distância esfriou o relacionamento e as folhas da confiança começaram a cair. Mas será que o amor pode sobreviver às cicatrizes que o tempo deixou? "Quatro E...