Pressão e paixão

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Sofia sentia o coração pesado enquanto caminhava de volta para casa. A sensação de estar presa entre dois mundos a deixava sem ar. De um lado, havia Daniel, com sua presença intensa e a dor da traição ainda ardendo em seu peito. Do outro, Marcos, o amigo que sempre esteve ao seu lado, cujo carinho silencioso e protetor começava a despertar algo dentro dela que ela não sabia como lidar.

Ao chegar no apartamento, ela se surpreendeu ao notar Marcos logo atrás dela, com uma expressão preocupada. Ele a seguiu, como sempre, sem pedir nada em troca, sem cobranças. Apenas estava lá, pronto para ampara-la.

— Marcos... Você veio atrás de mim? — a voz de Sofia saiu fraca e exausta.

Ele a olhou com aqueles olhos que a confortavam de uma maneira diferente da de Daniel. Era um olhar que transmitia calma, mas que agora começava a trazer uma carga de algo mais.

— Queria ter certeza de que você chegaria bem — ele disse, sem rodeios, observando-a como se procurasse algo em seus olhos. — Eu sei que tem muita coisa acontecendo, mas... não quero que você passe por isso sozinha.

Sofia sentiu a resistência interna começar a desmoronar. Aquela tensão constante com Daniel, o medo de se perder de novo em sentimentos que só traziam dor... e então Marcos. O homem que não prometia o mundo, mas oferecia o que ele tinha de melhor: ele mesmo.

— Eu estou tentando ficar bem... mas às vezes parece impossível. — Ela deixou as palavras escaparem como uma confissão. Seus olhos se encontraram com os de Marcos, e ela sentiu a conexão entre eles pulsar no silêncio que se formou.

Sem perceber como, Sofia o convidou a entrar. Ele hesitou por um segundo, mas seguiu-a para dentro do pequeno apartamento. A ausência da avó de Sofia deixou o ambiente ainda mais íntimo, e o espaço parecia encolher à medida que a tensão entre os dois crescia.

— Sabe... — Marcos começou, sentando-se ao lado dela no sofá. — Eu não quero te pressionar, Sofia, mas preciso ser honesto. Eu me importo com você. E não só como amigo.Se você estiver disposta, podemos assumir um relacionamento.

As palavras pairaram no ar, e Sofia sentiu seu coração bater acelerado. Ele se inclinou para frente, seus dedos roçando os dela de forma quase imperceptível.

— Eu sei que você ainda está lidando com o Daniel... e eu não quero ser mais uma coisa complicada na sua vida. Mas...talvez assim ele desista — a voz de Marcos se quebrou por um instante, um reflexo do que ele sentia. — E eu não consigo mais fingir que não sinto nada,quando vejo ele querendo o que eu também quero.

Sofia fechou os olhos por um segundo, tentando encontrar um equilíbrio entre a confusão e o desejo que a invadia. Quando abriu os olhos de novo, viu o rosto de Marcos mais perto. O silêncio que se seguiu foi quebrado apenas pelo som de suas respirações. A proximidade entre eles aumentava a cada segundo, e quando Sofia se deu conta, seus lábios estavam a centímetros dos dele.

O beijo que veio a seguir foi suave, mas carregado de todo o peso do que não havia sido dito. Ela se perdeu no toque, na maneira como Marcos a segurava delicadamente, como se temesse quebrá-la. A cada segundo, a pressão aumentava, e logo o beijo se intensificou, uma mistura de paixão e urgência.

Quando finalmente se separaram, ambos estavam ofegantes. O olhar de Marcos era de desejo, mas também de compreensão. Ele não diria nada mais, a decisão estava nas mãos dela.

— Eu concordo que será melhor assim — Sofia sussurrou, mais para si mesma do que para ele. Mas no fundo, ela sabia que algo havia mudado naquele momento. Algo dentro dela.

Na manhã seguinte, Sofia acordou sentindo a confusão tomar conta de sua mente. Ela sabia que o que disse  para Marcos não era apenas um erro impulsivo. Havia algo mais. E isso a assustava. Ela passou o dia se debatendo internamente, tentando evitar pensar no significado daquelas palavras.

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