32 | The Light in the Darkness

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MAYA

O som da campainha me tirou de um vazio que eu nem sabia que estava sentindo. Era como se, de repente, o mundo ao meu redor voltasse a existir, mas sem cor, sem vida. Caminhei até a porta sem pressa, mais por obrigação do que por curiosidade.

Ao abrir, vi um pacote pequeno, simples, sem remetente. Suspirei. Algo me dizia que eu não deveria abrir, mas, como se algo me controlasse, levei o pacote para dentro e me joguei no sofá.

Abri com mãos trêmulas, e lá dentro estava um tablet. O que mais isso poderia ser? Desconfiança começou a crescer em mim, mas antes que pudesse me impedir, liguei o aparelho. A tela se iluminou, fria, e o que apareceu foi um único vídeo, esperando para ser assistido.

Com o coração apertado, toquei na tela para começar.

Nos primeiros segundos, a imagem era borrada. Eu podia ouvir gemidos, mas não conseguia entender de quem era. Mas então, a imagem focou. Meu coração parou.

Billie.

Ela estava lá, em um quarto de motel, transando na cama. Com Odessa. Elas estavam próximas demais. o gemido da Odessa. O vídeo delas transando me fez sentir um nó na garganta.

– Não... – eu mal consegui dizer.

Cada segundo do vídeo era uma facada. Eu tentava desviar o olhar, mas era impossível. A cada gesto, cada gemido, eu via algo se quebrando dentro de mim. E então, a cena se intensificou. Elas se beijaram ainda mais, e o que eu tanto temia aconteceu. O choque foi maior do que qualquer dor que eu já senti.

As lágrimas vieram antes que eu pudesse controlar. Meus olhos ardiam, mas eu mal conseguia respirar. Em um surto de raiva e desespero, segurei o tablet com força e o joguei no chão com toda a minha força.

O barulho de vidro quebrando ecoou pela sala, o som seco de algo que se despedaçava assim como eu estava por dentro. Olhei para os pedaços espalhados pelo chão, e as lágrimas escorreram ainda mais rápido.

– Por que, Billie...? – sussurrei, minha voz fraca, se perdendo no ar.

Eu sentia que algo dentro de mim estava desmoronando. Não era só a dor da "traição", era algo mais profundo. Um buraco se abria em meu peito, e eu não sabia como preencher. Corri para o banheiro, ofegante, como se tentasse escapar de mim mesma.

Me encarei no espelho, as lágrimas escorrendo sem parar. Meu reflexo era uma sombra de quem eu fui, olhos inchados e a respiração descontrolada. Eu não suportava mais.

Minhas mãos, ainda trêmulas, vasculharam a gaveta do armário até encontrar o que procuravam: uma lâmina. Fazia tanto tempo que eu não tocava nela, mas, agora, parecia a única coisa que poderia me trazer alívio. A dor física, pelo menos, eu podia entender.

– Só uma vez... só pra parar de doer – murmurei para mim mesma, tentando justificar o que sabia que estava prestes a fazer.

Com a lâmina na mão, pressionei contra minha pele. O corte foi rápido, e a dor veio como um choque, nítida e afiada. Mas por um momento, tudo ficou em silêncio. A raiva, o caos, a traição... nada importava. Só havia a dor, e de alguma forma, isso parecia certo.

Mas logo, o peso da realidade caiu sobre mim. Olhei para o sangue que escorria, e o desespero voltou com força total. Me encolhi no chão do banheiro, abraçando meus joelhos, e chorei até não conseguir mais respirar.

The Price Of Power | g!pOnde histórias criam vida. Descubra agora