37 | Disconnection

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MAYA

O silêncio da noite era confortante, mas algo me fez despertar. Meus olhos se abriram lentamente, se ajustando à escuridão do quarto. Não sabia ao certo que horas eram, mas a sensação incômoda de estar acordada no meio da noite não era novidade.

Virei para o lado, tentando me ajeitar melhor, quando ouvi um som estranho vindo do outro cômodo. Franzi a testa, confusa. No início, pensei que fosse minha imaginação ou algum barulho aleatório da casa. No entanto, o som voltou – mais claro, mais... intenso. Meus olhos se arregalaram enquanto o som abafado de gemidos invadia o silêncio da madrugada.

– Não... –  murmurei, sentindo meu peito apertar. Levantei ligeiramente a cabeça do travesseiro, tentando distinguir melhor. O som era claramente feminino, e, por mais que tentasse, não conseguia evitar o que meu cérebro já começava a entender.

Me sentei na cama, o coração disparado de incredulidade. – Puta que pariu, não acredito nisso?– sussurrei, com raiva e desgosto. Passei as mãos pelo rosto, tentando afastar a sensação amarga que subia pela minha garganta.

Billie...

...Meu peito apertava com uma mistura de raiva e decepção que eu não sabia como processar. Meu corpo estava tenso, o calor subia até minhas bochechas. A cada gemido abafado que eu ouvia, minha mente se enchia de imagens que eu preferia não ter. Aquele som, vindo do quarto de Billie, não poderia ser o que eu estava pensando... mas era. Não havia como ignorar.

Eu respirei fundo, tentando acalmar o nó que se formava na minha garganta. Levantei da cama devagar, ainda desnorteada pelo sono interrompido, e andei em direção à porta. Cada passo parecia pesar uma tonelada. Parei no meio do quarto, com a mão a poucos centímetros da maçaneta. Abri e fechei os olhos, na esperança de que isso me fizesse acordar de algum pesadelo, mas o som... ele estava lá.

Minha mão tremia levemente quando finalmente girei a maçaneta, abrindo a porta do quarto apenas o suficiente para espiar o corredor. A luz suave que vinha debaixo da porta de Billie confirmava que ela ainda estava acordada. Meus dentes rangeram, e, mesmo sabendo que eu não deveria fazer isso, me aproximei em silêncio, sem coragem de me anunciar.

Quando estava perto o suficiente para ouvir as palavras que escapavam entre os gemidos, eu travei. A garota, quem quer que fosse, estava com Billie. E ali estava eu, em pé no meio do corredor, ouvindo uma parte de Billie que eu nunca deveria ter ouvido. Meu coração batia tão forte que parecia ecoar pelos meus ouvidos.

– Não acredito nisso... – sussurrei de novo, sentindo uma mistura de nojo e tristeza. Senti meu rosto queimar de vergonha, não só por estar escutando, mas por como aquilo me atingia de um jeito que eu odiava.

Eu voltei para o meu quarto e fechei a porta com força, engolindo o choro. Me joguei na cama, puxando as cobertas para cima da cabeça, como se isso pudesse me proteger de tudo aquilo. Não era justo. Não era justo sentir o que eu estava sentindo.

Me joguei de volta na cama, puxando as cobertas para cima como se isso pudesse abafar os sons ou afastar a dor que eu sentia. Mas a cada segundo que passava, os gemidos de Billie pareciam ficar mais altos, mais impossíveis de ignorar.

– Puta que pariu... – murmurei, apertando os olhos com força, tentando controlar a raiva crescente que borbulhava dentro de mim. Meu peito doía, minha cabeça girava, e tudo o que eu conseguia pensar era no quanto aquilo era ridículo. Por que isso estava me afetando tanto? Eu sabia quem Billie era. Sabia do seu passado, sabia que ela era cercada por pessoas o tempo todo... mas ouvir isso agora, no silêncio da noite, me atingia de um jeito que eu não conseguia explicar.

The Price Of Power | g!pOnde histórias criam vida. Descubra agora